A sua mãe, leitor (a), é provável que seja, ou esteja,
também, barroca!
Vejamos:
A) O aleluia de Haendel, maravilhosamente cantado nas novenas juninas pelo coral
Santo Antonio em Laguna, é uma obra da música clássica
do período barroco.
B) Por volta de 1970 Procópio Ferreira e sua filha Bibi encenaram, no
Cine Teatro Mussi, aqui na terra de Anita, um clássico do teatro francês.
A peça "O avarento" de Molière, foi vista por muitos
alunos do segundo grau e, especialmente pelas alunas do Curso Normal Brito Peixoto,
cujos professores nos incentivaram a comparecer. Lá pelos meus 17 anos,
apenas divertia-me com a sátira do texto no talento cênico de Procópio
e Bibi não alcançando o aspecto político-social do também
barroco Molière.
C) Com a recente eleição do papa Bento XVI, milhares de telespectadores
viram cenas a partir da praça da Basílica de São Pedro
no Vaticano. O arquiteto, escultor e pintor Giovanni Lorenzo Bernini (1598-1680)
é o autor das 162 colunas da praça da Basílica. Pois é
do barroco genial Bernini também a estátua em mármore do
"Êxtase de Santa Teresa", obra plena de arte, emoção
e beleza barrocas.
Quem ouve, assiste ou contempla uma obra de arte barroca sente o desejo de repetir
a experiência. Outro dia, amigo nosso aqui de Laguna contava-nos que não
conteve as lágrimas diante das obras do mineiro Aleijadinho. Famosos
e sábios são os Sermões do jesuíta Antonio Vieira,
literato também barroco.
Citei alguns exemplos da arte barroca para que o paciente leitor percebesse
que, exuberância, emoções extremadas, contraste, dinamismo,
teatralidade etc, são as marcas da arte barroca. Manifestação
em linguagens que tentam conciliar a espiritualidade com a racionalidade.
Por estas e outras implicações é que acredito que as mães
são os seres mais barrocos do mundo!
Outro dia na aula, enquanto nossa equipe preparava-se para realizar um seminário
sobre a arte barroca, uma colega brincou comigo assim: "gente esta roupa
da Fátima traz as cores do barroco hem?" Nosso professor passava
por perto e completou "ela é toda barroca!"
Tomada de surpresa fiquei quieta porem muito satisfeita. Barroca? Eu sou barroca?
"Magavilha"! Fazia tempo eu não me descobria tão barrocamente
feliz!
Agora, aqui pensando no dia das mães, e lembrando do quanto somos emocionais,
do quanto são plenas as mães, das características maravilhosas
do barroco, chego a conclusão que as mães são barrocas
de fato e de direito.
As mães são fascinantes como uma tela de Caravaggio !
São convincentes como um sermão de Vieira!
São lindas e poderosas com o Aleluia de Haendel!
Daqui pra frente, me assumo : Serei barroca até debaixo d'água!
Agora, embora com algumas semanas de atraso, dou o troco ao professor:
- BARROCA, com todo respeito: É A SUA M ÃE !!!