Iniciava-se o ano de 1959.
No pátio do Grupo Escolar Jerônimo Coelho, aguardávamos
o sinal para encontrar com a professora. Era o primeiro dia de aula.
Naquele tempo, meu coração já disparava em tudo que era
primeira vez...
Apontaram-me uma fila, e lá estava ela: a minha primeira professora.
Logo de início, simpatizei com sua figura, achei-a o máximo! Durante
todo aquele ano, observei fascinada seus penteados, brincos, batons e saltos
altos. (Ah! e aquele sinalzinho no rosto).
Ela me ensinou a desenhar as primeiras letras e decodificar as primeiras frases.
Entretanto, o que marca a mente de uma criança de seis anos é
o mundo fantástico que uma professora é capaz de descortinar.
O que encanta é poder recitar versinhos em dia de festa ("Sou a
rosa perfumosa, todos gostam de mim, e por isto me fizeram a rainha do jardim"),
ensaiados pela professora.
A Gilda Remor Guedes ensaiava verdadeiras peças cantadas. Programas de
rádio com auditório ao vivo, daquela época, foram testemunhas
disso. Hoje, avalio a fundamental importância do papel da alfabetizadora.
Concluo que sua função é fortalecer a auto-estima e incentivar
a criança a crer na própria capacidade criativa e intelectual.
À alfabetizadora compete o mágico papel de transformar uma sala
de aula em um lugar fantástico.
Gilda foi a fada que, saltando do livro de Contos, me convidou a escrever, colorir
e interpretar minha própria história.
Sou imensamente grata a todos os excelentes professores que tive depois dela.
O timbre daquela voz, no entanto, ficou para sempre em minha memória
afetiva.
Gilda, recebe meu abraço de gratidão pelo teu empenho, pela tua
competência e, sobretudo, pela alegria que distribuíste naquela
sala de aula há quase meio século. És inesquecível.
Parabéns! Obrigada!
Parabéns a todos nós professores, em especial aos alfabetizadores.
Parabéns principalmente aos alfabetizadores da Escola Pública.
Abraço grande. Beijo, Gilda.
Com carinho, Fátima.