"Luz que eu adoro, grande Luz que eu amo,
Movimento vital da Natureza,
Ensina-me os segredos da Beleza
E de todas as vozes por quem chamo".
Os versos acima fazem parte do soneto "Luz da Natureza" de João
da Cruz e Sousa o poeta catarinense. Acho que o Natal lembra essa Luz, anseio
de todos nós adultos.
Natal de criança é diferente, tem um gosto de doce na boca. As
crianças vão dormir desejando que a noite passe depressa. Como
era bom sair da cama para olhar os presentes ao lado da árvore.
Nem sempre é assim. Que pena. Outro dia uma pessoa me contava sobre os
natais da sua infância. Na casa dela não tinha árvore, nem
presentes, nem doces.
"- Minha mãe ficava muito quieta com o olhar ausente", descrevia
minha amiga.
Em "Piedade" outro soneto do simbolista Cruz e Sousa temos:
"O coração de todo o ser humano
Foi concebido para ter piedade,
Para olhar e sentir com caridade,
Ficar mais doce o eterno desengano".
Estava eu refletindo sobre o Natal. Conforme amadurecemos nos tornamos mais
exigentes.
As broas e pães-de-ló que minha avó fazia no Natal eram
uma delícia, mas hoje em dia preciso de algo mais. No Natal preciso de
poesia.
A poesia não esta somente nos livros. Ela esta na alegria de quem é
lembrado.O gesto de repartir o doce rende a poesia no sorriso de gratidão
do outro.
Lembra daquelas pessoas que cozinharam nossos pratos preferidos, passaram nossas
roupas ou limparam nossos quintais, ou ainda cuidaram de nossos filhos?
Lembra daquelas outras pessoas de quem ninguém se lembra? Essas, aquelas
e outras apreciarão um pedaço do nosso doce. Um pouquinho de poesia,
um beijinho ou um abraço serão bem recebidos. Existe poesia pelas
esquinas e pelas casas humildes, mas não podemos passar apressados.
Natal de gente miúda é bom e muito fácil desde que Papai
Noel traga doces e brinquedos.
Para nós adultos já é mais complicado.
As ilusões são válidas na idade certa. Lembremos com alegria
dos ingênuos natais da nossa infância. Cooperemos com o Natal de
outras crianças. Natal de gente grande se faz com compaixão, carinho,
solidariedade, oração, luz interior e poesia. A poesia é
capaz de docemente nos embriagar. Quanto às ilusões, agora valem
os versos do poeta gaúcho, o fantástico Mário Quintana.
"Meu saco de ilusões, bem cheio tive-o
Com ele ia subindo a ladeira da vida...
E, no entretanto, após cada ilusão perdida...
Que extraordinária sensação de alívio!"
Quanto aquele seu amigo ou parente cuja mesa é farta, ofereça
um livro que é o melhor presente.
Nesta semana um amigo nos ofertou a obra "Espiritualidade", do teólogo
Leonardo Boff. Um presente completo, ou coforme diria mestre Ziraldo, "...livro...objeto
perfeito". Que beleza sondar nossa espiritualidade! Uma linda reflexão
acerca do universo interior que tudo a ver, tem com o Cristo-esperança-generosidade-natalidade... universo.
Feliz Natal! Beba todas............................. as poesias que encontrar!
Experimente!
Saúde!