A Garganta da Serpente
Veneno Crônico crônicas
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Pedras

(Tania Montandon)

Queria tanto escrever uma poesia, mas às vezes o mundo parece tão desmotivante... É quando me travo e nem reconheço mais a palavra "eu". Tudo de fora é bacana e possui sua lógica honrosa, em detrimento de minha mesquinha interioridade. Geniais são as poesias de Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Vinícius de Moraes... desenho apenas retalhos d`uma idiossincrasia emocionalmente massacrada, deteriorada, irrealizada.

Parece que cada dia torna-se mais ameaçador quando meu crônico problema mental piora. Considero o pior sentimento a rejeição psicológica aguda. A dificuldade aumenta nas ocasiões quando também eu me despejo de mim. Aí é certo: causo uma encrenca atrás da outra.

Pessoas sabem o que penso e debocham de minhas excentricidades? O que penso, minha diferença sabe pessoas? Sou levada pela correnteza de meu cuspe no asfalto.

Antigamente, apostava em Deus e ensinamentos religiosos que, não fosse o século atual, levariam-me à fogueira pela Inquisição por ser possuída por demônio. Ironia faz a vida, a vida faz ironia?

Fontes de esperanças e ilusórias benevolências. Hodierno, nomeiam delírio e psicose. Deus morreu, Bíblia é estória pra boi dormir, milagres nunca existiram, pessoas machucam e estão acabando com a Natureza, imbecis. O mundo é cruel, violento, cresci e já não vejo romaticamente o que tentaram impor-me na infância.

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