O caos do trabalho na sociedade do espetáculo
No inicio, o individuo preocupa-se com o salário (necessidade física),
depois passa a ficar focado para os cargos, status. Em qualquer organização
há jogo de poder, o que determina quem ganha o quê. É muito
desagradável a situação de um empregado que sabe que ganha
mais e o outro que sabe que ganha menos. Afinal, como funciona a questão
do salário na instituição, como ele é inserido na
empresa? Por que um indivíduo ganha X ou Y?
O que se diz ser atualmente a pós-modernidade, expressão até
engraçada, como se a velocidade tivesse chegado ao ponto de nos colocarmos
numa sociedade do futuro (pós), pois a modernidade se modernizou tanto
que pediu um apelido pra se diferenciar. Pois é, vivemos no futuro, sempre
atrasados, milhões de informações a adquirir, "updates"
de "gadjets", mulheres, carros, linguagem, bares, viagens e por aí
continua
O que significa modernidade? Bom, estar atrasado por se viver o presente em
detrimento da moda de se viver no "futuro" e estar sempre "updatado"?
Talvez o apelido alta modernidade seja um pouco mais coerente, não?!
Toda mercadoria sustenta-se por dois valores: o de uso e o de troca. O capital
sustenta-se pelo valor de troca, status, fetiche da sociedade. Por isso gera
tanto mal-estar, insegurança. O valor de uso é praticamente inexistente
no mundo do capital.
A força de trabalho é vendida por um salário, que deve
ser sustentado por um valor de mercado. O cálculo ocorre pelo valor de
troca, o dominante. Como isso tudo funciona?
Primeiro não se deve descartar todas essas mudanças profundas
que vêm ocorrendo ou correndo no trabalho, nas relações,
sexualidade, família, subjetividade e demais instituições
vigentes.
Lembremos os principais processos de mudanças, tendências, realidades
- Globalização da economia; a Era da Biologia; o triunfo do Indivíduo
(este passa a ser o valor supremo, acima de qualquer coisa); o Renascimento
das Artes; a Liderança das Mulheres; a Nova Sociedade de Serviços;
a Nova Era do Lazer; o Envelhecimento da População Ativa; a Década
do Cérebro; o Nacionalismo
Subversão de valores:
1 - Auto-realização, imediatismo
2 - Status, aparências, fetiches
3 - Função, resposta à Demanda Social
4 - Segurança- financeira, espacial
5 - Necessidades fisiológicas
- O novo comportamento no ambiente; o fim da profissão; novas qualificações;
exigência de ampliação do conhecimento e informação;
a necessidade de atualização permanente; baixa da qualidade de
vida com vistas à quantidade; busca incessante e exageradamente ansiosa
de aperfeiçoamento pessoal e conseqüente aumento do julgamento crítico
e cobranças por vezes de fazer tombar de tanto rir ou chorar
Resultado? A produção do ser humano revolucionário, perdido
no meio de tantas instituições reacionárias. Isso tudo
mexeu com o fundamento da economia, implicando uma mudança radical na
vida. Tudo se encontra pronto, porém caro, o consumo cresce assim como
a demanda social de novas qualificações, ampliação
do conhecimento e informação. O padrão de vida esperado
é muito elevado, o povo não consegue pagar por essa qualidade
de vida. Assim, a economia torna-se volátil, movimenta demais, criando
toda a insegurança da perda da profissão, o imperativo de nunca
poder cessar a aprendizagem. Surge, consequentemente, o "famoso" stress,
depressão, transtornos de ansiedade, crises existenciais sobre qual o
sentido da vida. As pessoas perdem qualidade de vida e passa a buscar apoio
na espiritualidade, no aperfeiçoamento pessoal ou se refugiam no álcool,
drogas, antigos hábitos nada construtivos
A violência aumenta, assim também a população carcerária,
a insegurança, a fragilidade e desconfiança dos indivíduos
em todas as relações humanas. Se o capital não tiver ética,
o resultado provável beira o fim do mundo. O que fazer com isso agora?
Muitas vezes o sujeito disciplina suas pulsões, energia, através
da arte para se contemplar o mundo naquilo que não há valor de
capital, não se troca, porém o deixa próxima à Natureza,
a sua natureza humana de não ser perfeito, robô, da percepção
de que por mais que conquiste nunca atingirá o ideal imposto e introjetado
pelas informações em torrentes e falta de tempo pra parar, pensar,
refletir, curtir a própria companhia, conhecê-la
Pimp! Uau!
Eu também sou gente, não trocaria este momento de paz e completude
por dinheiro ou emprego algum. O que fiz com minha vida? Deixei que pensassem
por mim, decidissem o que é o melhor porque a maioria o faz? Logo eu,
que tanto critico a sociedade, estou subsumido por ela e ensinando, cobrando
assim dos meus filhos. Não, não preciso de tanto, meus filhos
nunca pediram brinquedos nas datas de festa e nem assim
-Pai, o presente
que eu escolhi foi ter você torcendo por mim no campeonato de futebol
da escolinha quinta depois da aula. Pode? Puxa, eu achava um pouco estranho
porque ele poderia pedir video-games ou o que quisesse, apenas disse claro,
é "só" isso?
Hoje não se tem tempo para sentir de verdade a vida, a família,
colocar de fato os sentidos pra funcionar. Tudo gera em torno da mercadoria,
insegurança, mal-estar. A mídia põe medo nas pessoas o
tempo todo. Não é mais sociedade industrial, agora é a
sociedade de serviços. Necessita-se trabalhar muito e ter boas férias.
À medida em que parte da sociedade enriquece, perde-se a habilidade social.
A solidão domina. As faces estão mais frágeis, desconfiadas
até da própria sombra.
A criatividade, a imaginação, a vontade de mudar, inovar requer
coragem, mas compensa com a grande abertura que ficou para os poucos que aproveitam
a pouca concorrência nesse setor. "O perigo que o homem moderno sofre
é pensar sobre a modernidade." (Giddens)
Entendendo um pouco sobre o funcionamento da economia social que não
se explica na TV, porém se impõe sutilmente, podemos notar a importância
e objetivo do que se chama, atualmente, Desenvolvimento Organizacional (D.O.).
No próximo!