A proposta de uma educação que inclua crianças deficientes
nas escolas regulares é uma questão de difícil abordagem,
devido aos precários conhecimentos relativos ao assunto, à existência
de muitos preconceitos por parte da sociedade no geral e à falta de especialização
apropriada a lidar com as crianças atípicas no corpo funcional
das escolas regulares. Há também outros fatores particulares,
como a comodidade da família em colocar o deficiente na escola especial
e preocupar-se somente em diminuir o trabalho que a criança especial
exige, não se importando com o desenvolvimento das possíveis capacidades
da criança.
A Síndrome de Down é uma doença vista com "olhos tristes"
pela sociedade, esta tendendo-se à descrença quanto à possibilidade
de desenvolvimento significativo dessas crianças. Isso dificulta ainda
mais o progresso dos sindrômicos, pois desvaloriza de antemão quaisquer
possibilidades da criança e acaba contribuindo para a cristalização
de uma baixa auto-estima e uma posição defensiva frente às
pessoas.
O movimento que visa a uma educação inclusiva é um movimento
internacional, um paradigma difundido no mundo inteiro e pressupõe que
todos devem aprender juntos, levando-se em conta as dificuldades, os limites
e as possibilidades de cada um e facilitando a resiliência - a conquista
de um certo sucesso social apesar dos limites. Visa a uma forma pela qual o
sujeito possa engajar-se no contexto social. Percebe-se aí um "novo
olhar", que não seja o da procura de doença no sujeito, mas
sim do desenvolvimento dos potenciais do mesmo.
As crianças portadoras de Síndrome de Down apresentam uma anormalidade
cromossômica no par 21, identificada através de sintomas motores,
devido a uma deficiente constituição do tônus muscular;
sintomas sociais e emocionais caracterizados por tendência ao isolamento;
dificuldades ariculatórias e outros atrasos na área de linguagem;
e um desenvolvimento cognitivo atrasado e limitado se comparado ao das crianças
normais.
Menor a criança, maior a oscilação maturacional,. Quanto
antes a criança trabalhar suas dificuldades e estimular potencialidades,
mais chances de melhor evolução.
O Brasil possui uma história de segregação que remete à
época de sua colonização, constituindo um problema extra
para a proposta inclusiva.
A inclusão pode ser feita com profissionais especializados ou sem eles.
No Brasil, ela ocorre sem a especialização. Há uma lei
que obriga as escolas estaduais a aceitar as crianças especiais, mas
não há o fornecimento de infra-estrutura necessária para
tal. Essa contradição faz com que muitas escolas não cumpram
a lei, muitas vezes não por falta de vontade, mas porque tal realização
torna-se inviável devido à falta de recursos.
Portanto, além do princípio teórico norteador, é
mister uma disponibilidade de todas as pessoas envolvidas para que o movimento
obtenha um sucesso satisfatório. A inclusão visa a diminuir os
obstáculos ao progresso de todos os alunos. A atuação dos
professores, por exemplo, não deve restringir-se a perceber as potencialidades
e possibilidades dos alunos, também precisa considerar suas condições
no planejamento da aula, na administração desta e avaliação
dos efeitos sobre os alunos.
Tudo isso requer uma nova mentalidade e compreensão da deficiência,
fundamentadas em princípios de uma educação para todos,
estimulando o trabalho da melhoria da qualidade da educação básica
e com alunos de diferentes níveis de capacidades, chegando juntos a novos
conhecimentos sobre partes da realidade.