A Garganta da Serpente
Veneno Crônico crônicas
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Ser igual

(Cissa de Oliveira)

Vai daí que quem começa um texto com um "vai daí" ou não é muito certo da cachola, ou está num bar com um copinho na mão. Pode ser que seja um poeta, e cansado, que metáfora, metáfora também cansa. Vai daí que, vai ver, é por isso que os poetas são também romancistas. O Romance seria o "tapete", não onde ele esconde a sujeirinha não digerível na metáfora, mas o tapete onde ele deita e rola.

Eu deito e rolo, e você?

Ah! não...

Decididamente nós somos muito diferentes! O tapete é como uma coisa fofa de vogais, sabia não? Eu adoro as vogais! Acho que elas têm uma macieza que as consoantes estão longe de oferecer. Consoante é boa para fazer o ladrilho da casa. Com as vogais a gente faz as cortinas, os bordados, o colchão, as almofadas, as telas, as aquarelas, os papéis, enfim, os poemas. Mas não nos esqueçamos dos intermediários, você me entende: coisas onde entrariam ambas, vogais e consoantes. Os espelhos, as louças, os móveis.

E a maionese? Espera aí minha amiga, eu não disse que existem somente vogais e consoantes! Ah! Essas mentes Ocidentais!

Vai daí que: - Garçom, um "saquê", please!

(09.03.05)

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