Pode parecer que existem duas principais maneiras de se abordar determinados
assuntos desagradáveis, você me entende: com jeitinho ou de sopetão,
mas a grande verdade é que quanto mais chato o assunto, menos escolhas
existem, restando, nesse caso, apenas uma: começando, ou como diriam
nesses livros de auto-ajuda: agindo, agindo, agindo.
Senão vejamos, como falar, por exemplo, sobre as palavras do tipo "boucing".
Em termos práticos são o que há, em termos de chatice e
de dor de cabeça, no quotidiano das pessoas. Aliás, "boucing",
dá tanta canseira que ainda não foi completamente assimilada a
sua tradução para o Português. Nesse mundo globalizado,
diga tal palavrinha não tão mágica e logo se pensará
unicamente numa tacada de e-mails devolvidos, o que já não
é de pouca importância.
É fácil deduzir que "boucing", logo mais será
uma palavra tão expressiva e incorporada quanto "hot dog",
"delivery", "stop", "shopping", "show",
"fashion", "e-mail" e outras, ainda despertando para o gosto
e as necessidades das pessoas.
Por enquanto, e eu disse por enquanto, o tal do "boucing" tem lá
o seu glamour, digamos assim. Ora, dizer que se teve um problema de "bounce"
no Banco é bem diferente de dizer que o cheque foi devolvido por falta
de fundos. Mas dizer que o fulano move-se rápida e energicamente de tanta
felicidade, e essa é outra tradução para "bounce",
também tem seu encantamento, principalmente se não for porque
o dito cujo acabou de roubar a sua carteira e está se escafedendo. Vá
lá, se você ainda for do tipo "bouncer", algo como um
"leão de chácara" de porta de boate. Como vemos, é
tudo uma questão do que de fato acontece, para o entendimento do que
seja "boucing"... Deus ou o demo?
Se amanhã ou depois alguém discorrer sobre algo que pula, ou que
é bastante elástico, vigoroso, cheio de saúde, você
até poderia pensar tratar-se de um bebê, no auge dos seus três,
quatro anos. - E se a isso acrescentarmos as palavras, forte e grande? Bem,
então poderia ser um macaco, porque um homem, pelo menos desses de mente
sã, e fora de um ringue, é que não seria, alguns responderiam.
Mas há quem ache que é, e pronto. É Deus e é o demo,
repito.
O fato é que tal e qual a guerra dos transtornos de se ter "e-mails"
importantes devolvidos, a balbúrdia silenciosa do "boucing"
vai minando a paciência da gente.
Haja Deus e haja demo, na terra de tanto silêncio.
(Da série: "Deus e o demo na terra do silêncio", 19/08/04)