A Garganta da Serpente
Veneno Crônico crônicas
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A escolha é nossa

(R. Carvalho)

Assim transcorre a vida ... Ontem pensei com desânimo, tive até vontade de sumir e tudo esquecer. Estava triste desde cedo, o sol me fazia mais nervosa, até as crianças me irritavam, meus passos pareciam estar estagnados na esquina do fracasso, com medo de atravessar a rua da vida. Nem mesmo chorar eu conseguia, todos estavam a sorrir.

Hoje, porém, novas ilusões chegaram foram arrumando a casa do coração, decorando tudo com alegria, nem sei de onde apareceu, pois meus lábios não a tinham. A esperança parecia reluzir pela primeira vez, como se sua força nunca tivesse sido usada contra nada. Estava tudo a meu favor, até o dia permanecia quente, assim como o calor humano que exalava a alma, num dia de paz.

Por vários motivos somos assim, metades, partes contrastes, que ora riem, ora choram. Seremos sempre pontos opostos, bons ou maus; céticos ou crentes; alegres ou tristes; sonhadores ou realistas; amigos ou inimigos. Basta apenas nossa escolha, nossa vontade, nosso ideal. Se quisermos nós podemos fazer de nossos corações um bem ou um mal, cabe a nós decidirmos se queremos ou não viver bem, pois para tal intento é preciso discernir a beleza da sujeira e lutar contra tudo e contra todos se for preciso para que possamos mostrar a todos a beleza que é a arte de viver, transformando nossas vidas em altares onde esteja apenas a imagem que fizemos de nós mesmos.

(Texto publicado no jornal Tribuna de Minas 1977)

  • Publicado em: 03/01/2007
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