Humanos somos? Desconstruo o substantivo e digo: santos carregando carrascos.
Carrascos carregando santos. Pra que lugar? Desconstruo o substantivo e digo:
não há lugar. Não há planos.
Somos originais com digitais desiguais. Muito mais podemos desconstruir para
perceber que não existem seres humanos. Um lado mal, outro vai bem. Somos
seres terráqueos, apenas. Habitantes de um planeta distante. Bola solta
no espaço sem qualquer apresentação que nos abriga do anonimato.
Somos obrigados a caminhar em uma superfície que olha o infinito. Gravidade
nos segura. Desconstruo o substantivo e caímos no vácuo. O lugar
perfeito para o que somos. Matéria putrecível enterrada com vermes
e baratas, seja você quem foi. Matéria carrasca e santa. Não
há unicidade. Convive-se com o anjo e o diabo. Mentira seria negar essa
convivência. Desconstruo o substantivo e sinto a podridão dos nossos
pensamentos em cada dia que estamos vivos. Contra quem não sei. Sei que
unicidade do ser não há. Verdades relativistas se alastram em
nós.
Giramos demais. Rotação e translação. Como um soldado
que marcha ao redor do seu pelotão que também marcha, mas marchamos
soltos pelo espaço. Talvez sejam esses os sinais que nos entontecem e
nos faz querer ser humano. Novamente desconstruo o substantivo para entender
que quem nasce na terra terráqueo o é e ponto final. Esse negócio
de seres humanos é muito sentimental e nos faz mal. Pensando bem sabemos
que não somos humanos.