A Garganta da Serpente
Veneno Crônico crônicas
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(R. Carvalho)

Hoje, recebi uma crônica, via mail, que ressalta a solidão omissa daqueles que insistem em viver seus amores sem rédeas, sem bifurcações, sem cobranças, sem alianças, sem delimitações, sem constância física, apenas insistem em querer ser livres para amar pessoas também livres - dessas amarras dos relacionamentos - que insistem em querer viver juntos fisicamente, comer pipoca juntos, ouvir o ronco juntos, colar os pezinhos no inverno, assistir todos os filmes juntos, viver debaixo do mesmo teto com todas as mordomias de um amor mais real, palpável, aconchegante, sem solidão.

Ora, se assim o fosse, casamentos não se rompiam tão rápidos, desabafos não vinham após um mês de convivência, os gritos ainda seriam palavras de amor, as louças menos importantes que o sexo, os filmes não se tornariam rotina e as ilusões ainda seriam sonhos a se realizar, e a solidão não seria pior: solidão a dois.

A verdade é uma só. Tempo não existe. Amor é uma incógnita. Convivência uma expectativa. Eternidade não existe. Palavras não explicam nada, e quer saber? Desabafos e insatisfação e solidão não advém dos relacionamentos que temos. Relacionamentos são apenas atalhos da desconstrução - obrigada Derrida - da verdadeira causa de nossos paradoxos e crises existenciais.

Insatisfação, depressão e solidão são marcas de uma humanidade fadada a existir sempre sem nunca saber a finalidade de sua existência: o super-homem da Gaia solitária do uni-verso.

  • Publicado em: 23/07/2007
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