Não sei bem o que é um átomo. Nem sei relacionar a influência
familiar com as nossas vidas. Também não sei o significado da
existência. Quisera ter os sonhos todos nas mãos e realizá-los
de uma só vez. A dor da carne nem se compara com a dor da vida. A mente
engana mais que o olhar. Ás vezes somos heróis, outras vezes somos
cúspide das verminoses. Tem gente que se acha tão importante e
se esquece que morre como todos nós. A noite é uma incógnita
que ás vezes incomoda demais. A noite guarda um silêncio que podia
morar durante o dia. Durante o dia é tão mais cruel. Como as pessoas
estão mais empedernidas e calculistas. Calcula-se todos os passos. Com
esse demonstro que faço isso. Com aquele outro vou até lá.
Com mais esse engano àqueles. Com esse outro posso chegar onde quero.
A arquitetura do intento despreza os meios. Pisa-se na grama. Pisa-se na fama.
Pisa-se na humildade. Pisa-se na torre. Pisa-se nos outros. A distância
de nós e nossa natureza é tão grande quanto a distância
da terra da sua natureza. Destruímos toda índole de nossa gênese.
A gota oceânica se esgota sem nem termos conhecido todo seu bioma. A linguagem
mudou. Os planos foram traçados. As brincadeiras cada vez mais raras.
O rosto da juventude a expressão do estresse, da precoce exigência
de se tornar adulto desde a infância, da competição desleal.
Não sei se durmo ou se escrevo, se me calo ou se acordo; não sei
me encaro ou se fujo do que vejo. Nem sei mais derramar o bálsamo, mas
é com a paz que deixo vocês pensarem: o que sabemos de nós?
O que sabemos de nossas vidas? Quem tem a verdade? O que é o silêncio
da noite, quem é o dia?
A paz cala os questionamentos, descansa a mente e nos e faz caminhar até
onde devemos chegar. Caminhe em paz. Essa é a chave do existir. Viver
é ignoto de todos nós, pode ter certeza. O silêncio da noite
guarda sono e sonhos dos adormecidos, de nós, acordados, cobra a lucubração.