Martha Medeiros, em sua crônica "Relações Vampirescas",
chama a atenção de seus leitores para que não caia na conversa
dos falsos amigos ou amantes ou mesmo parentes que não passam de vampiros,
sejam reais ou virtuais. E aproveito o tema, que nunca sai de cartaz, para um
alerta, principalmente para o time feminino.
Cuidado com quem chega com cara de desamparado, fala mansa, telefona, visita,
convida para a sua mesa e até pra cama, trata com carinho, é interessante,
tem presença de espírito e teorias convincentes. Até diz
"UAU!" pra tudo que você diz, especialmente se seu tipo físico
não é dos mais aplaudidos pela sociedade e pela mídia.
Se sente em você qualquer carência, ele se realiza e, seguro de
que conseguiu crédito, vai ficando à vontade e ataca.
A princípio suga aos pouquinhos, em doses homeopáticas, até
que você se torne dependente e peça mais. Tendo sugado sua confiança,
está tudo garantido. Basta continuar enquanto sangue houver.
De repente você percebe que algo está errado. Reclama, mas pode
ser tarde. Ele sugou seu amor, sua fé, seu tempo e seus sonhos. É
quando você descobre que ele só tirou, nada deu, despejou um montão
de promessas que nunca cumpriu, você amou loucamente por você e
por ele. Vem o abatimento, a fraqueza, a anemia se instala. Você está
descrente e sozinha.
E ele sai vencedor e cada vez mais forte em busca de novos e ingênuos
pescocinhos.
Você está arrepiada lendo isso? Pois eu já me arrepiei
vivendo isso. Caí nos braços de um vampiro perfeito que, ao sair,
acabou confessando: "vampirizei seu amor, sua sabedoria, sua doçura".
Vampirizou mais, muito mais, vampirizou minha fé no amor. Trago, ainda
hoje, as cicatrizes de suas picadas no pescoço. Na alma, as indeléveis
marcas de sua deslealdade, feridas que nunca cicatrizam.
Fica o alerta, pois os vampiros estão soltos e a experiência pode
acontecer com qualquer uma de nós. Ah, mesmo que já tenha passado
por isso, tome cuidado ainda, pois o ataque pode se repetir.