A Garganta da Serpente
Veneno Crônico crônicas
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MEU ÚLTIMO BAILE

(Olympia Salete Rodrigues)

Um amigo querido me escreveu e, por acaso, falou em dança. Contei a ele como gostava de dançar, mas sempre foi difícil. Nem mamãe que era exímia dançarina, conseguia me levar. Só duas pessoas o conseguiam e realizavam meu desejo: um namorado e meu irmão. Contei ainda que ambos partiram muito cedo, me deixando sozinha no salão... rs... E brinquei: "O Cavalheiro me dá a honra?" Em seguida meu amigo me mandou uma série de emails que transcrevo aqui, com minhas respectivas respostas:

mail: "Feche os olhos."
Resposta: "Fechei os olhos. Confiança total.."

mail: "Passe os braços em volta do meu ombro."
resposta: "Passei. Sinto o apoio físico e o afeto do coração."

mail: "Não se assuste: vou te levantar pela cintura."
resposta: "Susto nenhum. Sinto-me segura. Sinto suas mãos fortes e decididas."

mail: "Se entregue. Deixa que eu conduzo."
resposta: "Me entrego. Absoluta confiança. Quero bailar com você."

mail: "Dois pra lá, dois pra cá. Mas isso não é mais problema seu, seus pés e corpo levitam. Pra quê chão?"
resposta: Estou levitando. Os pés, com apoio, poderiam tocar o chão. Mas um não dá conta de mudar o passo. Seria um pra lá e nenhum pra cá... rs... Mais garantido mesmo levitar... Me leva que todo o chão é seu..."

mail: "Ouve a música. É tudo o que você precisa fazer."
resposta: "Ouço a música e danço ao compasso de seu enorme e lindo coração!...

mail: "Tá sentindo? Pois é!!"
resposta: "Sentindo... até sua respiração... calma, tranqüila, como calmo e tranqüilo é você..."

Eu disse um amigo? Ah, esqueci de dizer o mais importante: um AMIGO POETA, como não poderia deixar de ser. A sensibilidade à flor da pele, a generosidade em tão elevado grau, o carinho extrapolando todos os limites, tinha que ser de um poeta!

Nessa noite, dormi encantada. Acordei pensando que sonhara. Lembrei-me dele e tive medo de não encontrá-lo, de saber que ele montara num cavalo alado e se fora para distantes plagas, talvez para o Olimpo, de onde deveria ter saído só para realizar o sonho que eu acreditara impossível.

Um momento assim da vida, nem a morte terá o poder de apagar. Ficará para sempre a linda história de meu último e mais emocionante baile!

Obrigada sempre
e um beijo, meu amigo!

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