Um amigo querido me escreveu e, por acaso, falou em dança. Contei a ele
como gostava de dançar, mas sempre foi difícil. Nem mamãe
que era exímia dançarina, conseguia me levar. Só duas pessoas
o conseguiam e realizavam meu desejo: um namorado e meu irmão. Contei ainda
que ambos partiram muito cedo, me deixando sozinha no salão... rs... E
brinquei: "O Cavalheiro me dá a honra?"
Em seguida meu amigo me mandou uma série de emails que transcrevo aqui,
com minhas respectivas respostas:
mail: "Feche os olhos."
Resposta: "Fechei os olhos. Confiança total.."
mail: "Passe os braços em volta do meu ombro."
resposta: "Passei. Sinto o apoio físico e o afeto do coração."
mail: "Não se assuste: vou te levantar pela cintura."
resposta: "Susto nenhum. Sinto-me segura. Sinto suas mãos fortes
e decididas."
mail: "Se entregue. Deixa que eu conduzo."
resposta: "Me entrego. Absoluta confiança. Quero bailar com você."
mail: "Dois pra lá, dois pra cá. Mas isso não é
mais problema seu, seus pés e corpo levitam. Pra quê chão?"
resposta: Estou levitando. Os pés, com apoio, poderiam tocar o chão.
Mas um não dá conta de mudar o passo. Seria um pra lá e
nenhum pra cá... rs... Mais garantido mesmo levitar... Me leva que todo
o chão é seu..."
mail: "Ouve a música. É tudo o que você precisa fazer."
resposta: "Ouço a música e danço ao compasso de seu
enorme e lindo coração!...
mail: "Tá sentindo? Pois é!!"
resposta: "Sentindo... até sua respiração... calma,
tranqüila, como calmo e tranqüilo é você..."
Eu disse um amigo? Ah, esqueci de dizer o mais importante: um AMIGO POETA,
como não poderia deixar de ser. A sensibilidade à flor da pele,
a generosidade em tão elevado grau, o carinho extrapolando todos os limites,
tinha que ser de um poeta!
Nessa noite, dormi encantada. Acordei pensando que sonhara. Lembrei-me dele
e tive medo de não encontrá-lo, de saber que ele montara num cavalo
alado e se fora para distantes plagas, talvez para o Olimpo, de onde deveria
ter saído só para realizar o sonho que eu acreditara impossível.
Um momento assim da vida, nem a morte terá o poder de apagar. Ficará
para sempre a linda história de meu último e mais emocionante
baile!
Obrigada sempre
e um beijo, meu amigo!