A cada notícia a respeito, sempre acho que chegamos ao limite máximo,
que nada mais grave poderá ocorrer. Mas ocorre sempre, como vimos há
pouco: fiscais de trabalho escravo ou indigno mortos no exercício do
ofício por inescrupulosos exploradores. Parece não haver limites
para a ambição humana. A mim chega a ser ofensiva a carga de pertencer
a essa espécie cada vez mais degradante, a única de que se tem
conhecimento, no universo, de escravizar e explorar a própria espécie.
Mas não vou me ater a essa aviltante forma de exploração.
Felizmente existem instituições públicas que, apesar das
dificuldades, tentam defender suas vítimas.
Há diversas outras formas de exploração que raramente
são reveladas e para as quais pouco atinamos. Há milhares de explorados
e escravizados em campos que nos parecem abstratos: no intelectual, no afetivo,
no da dignidade, da credibilidade, da educação, do lazer, do sexo
e/ou do sexual, em qualquer campo, enfim, em que haja qualquer chance de se
tirar proveito do outro, do próximo, do semelhante, (Semelhante?) E as
armas usadas são bem outras, talvez mais cruéis e eficientes.
Para esse tipo de exploração não existem leis, não
existem instituições públicas ou privadas (e isso quer
dizer: vire-se, defenda-se sozinho). Sem qualquer sinal de perigo à vista,
grassam os exploradores sempre impunes e cada vez mais cínicos: estupradores
morais. E quando digo estupradores, refiro-me a ambos os sexos, pois se estuprar
moralmente era exclusivo dos homens, agora contamos também com mulheres,
ávidas por ludibriar homens desavisados, por um sentimento pérfido
qualquer, por vingança talvez.
Para que isso tenha um paradeiro é preciso que cada um de nós
se posicione, esteja alerta, deixe de crer e passe a ACREDITAR com firme consciência,
abra mão de qualquer presunção quanto à sua condição
humana que pensa superior aos demais seres vivos, desvie definitivamente os
olhos do próprio umbigo e se assuma como é para atingir o COMO
QUER SER. Numa palavra: não basta abrir os olhos, é preciso enxergar.
Tentemos nos enquadrar: somos explorados ou exploradores? Que cada um reflita
e assuma seu posto, e lute contra ou a favor de si mesmo para que o mundo seja
mais humano na acepção da palavra...