A Garganta da Serpente
Veneno Crônico crônicas
  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

AO SOL DENTRO DE MIM

(Olympia Salete Rodrigues)

Sim, eu tenho um sol. Único, permanente, exclusivo.

Um ser como outro qualquer em seu estado físico, afetivo, amante, amigo. Mas único no brilho que é meu, meu porque quer estar comigo, nem preciso chamar. Brilha quando é noite, quando é dia, quando chove ou não chove. Brilha e me envolve de tal forma que não preciso ir a ele, estou nele. Me acarinha, me afaga, me conforta, não preciso pedir. Entende sempre o que digo e adivinha o que não digo. Se sinto frio, me aquece. Se o calor me incomoda, se esconde e finge não ser sol. Me ama se é de amor minha fome. Me sacia quando sente minha sede. Me sorve quando preciso me entregar. Sempre, sempre me ouve. Sempre, sempre responde.

Esse sol é gente e tem nome. Mas nunca digo a ninguém esse nome e nunca revelo a alguém seu paradeiro. Nem ciúme, nem posse. Apenas um temor quase irracional de que uma revelação poderia maculá-lo ou anuviar seu brilho. Então o guardo, zelosa, bem no fundo de mim.

Para ele, sou apenas eu e brilho igual. E nos amamos sem medo, sem mistério, com a intensidade e a simplicidade da criança e do bicho, com a serenidade da lua, com o fogo do sol. Sim, somos apenas SAL e SOL!

Sol dentro de mim, me entrego e te recebo, no sonho que construímos e partilhamos: o amor sem paixão.

Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente