A mulher é linda. Todos sabem, todos sentem, todos cantam. Cantada e
decantada de todas as formas, em todos os tons, por todas as vozes. A própria
natureza canta a maravilha da mulher. A natureza que a fez misteriosa, tesouro
oculto, aquele sexo que tem que ser desejado, procurado, descoberto e penetrado.
Natureza sábia!
Poucos, ou poucas..., cantam o homem. Haveria algo mais maravilhoso e exuberante
que o corpo de um homem? O homem é lindo. Olhos penetrantes, ardentes,
feitos de desejo. Boca firme e forte, sequiosa, faminta. Braços possantes,
vigorosos, resistentes. Mãos grandes e lindas, feitas para segurar, prender,
acariciar. E a natureza extrapolou em sabedoria ao deixar à mostra a
maior beleza do homem: o pênis, aquele que guarda a semente, que sabe,
altaneiro e decidido, buscar a terra fértil, cultivá-la, e ali
plantar a vida. Existe algo mais lindo e mais digno de ser cantado?
Eu canto! Canto com reverência e quase em êxtase a grandeza do
homem, seu corpo e sua alma, seu todo sagrado. Exulto ante a natureza que o
fez explícito, sem mistério, aberto ao meu olhar de admiração
e desejo, pronto a me seduzir e dar prazer. É maravilhoso olhar esse
corpo e experimentar toda a sua beleza sem precisar adivinhá-lo. E me
extasiar ante o seu movimento, o balanço, a dança leve e quase
involuntária, o mover do crescimento em minha direção,
a transformação que nele opero ao toque, o tremor que nele provoca
meu beijo ou o simples desejo de meu beijo. E a certeza de que ele guarda a
vida, a semente necessária. E que ele, só ele, vai penetrar meu
mistério de carne, e devassar minha alma de fêmea, no momento supremo
do amor. Nada, nada mais belo!
A todos os homens, aos homens de todas as mulheres, aos homens que um dia foram
meus, ao grande homem que hoje eu sinto e sorvo - em ritual solene, em culto
aberto junto à natureza, sem medo e sem segredo -, entrego, emocionada,
com respeito e ternura, meu canto de louvor!