A Garganta da Serpente
Veneno Crônico crônicas
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CANTO DE LOUVOR AO HOMEM

(Olympia Salete Rodrigues)

A mulher é linda. Todos sabem, todos sentem, todos cantam. Cantada e decantada de todas as formas, em todos os tons, por todas as vozes. A própria natureza canta a maravilha da mulher. A natureza que a fez misteriosa, tesouro oculto, aquele sexo que tem que ser desejado, procurado, descoberto e penetrado. Natureza sábia!

Poucos, ou poucas..., cantam o homem. Haveria algo mais maravilhoso e exuberante que o corpo de um homem? O homem é lindo. Olhos penetrantes, ardentes, feitos de desejo. Boca firme e forte, sequiosa, faminta. Braços possantes, vigorosos, resistentes. Mãos grandes e lindas, feitas para segurar, prender, acariciar. E a natureza extrapolou em sabedoria ao deixar à mostra a maior beleza do homem: o pênis, aquele que guarda a semente, que sabe, altaneiro e decidido, buscar a terra fértil, cultivá-la, e ali plantar a vida. Existe algo mais lindo e mais digno de ser cantado?

Eu canto! Canto com reverência e quase em êxtase a grandeza do homem, seu corpo e sua alma, seu todo sagrado. Exulto ante a natureza que o fez explícito, sem mistério, aberto ao meu olhar de admiração e desejo, pronto a me seduzir e dar prazer. É maravilhoso olhar esse corpo e experimentar toda a sua beleza sem precisar adivinhá-lo. E me extasiar ante o seu movimento, o balanço, a dança leve e quase involuntária, o mover do crescimento em minha direção, a transformação que nele opero ao toque, o tremor que nele provoca meu beijo ou o simples desejo de meu beijo. E a certeza de que ele guarda a vida, a semente necessária. E que ele, só ele, vai penetrar meu mistério de carne, e devassar minha alma de fêmea, no momento supremo do amor. Nada, nada mais belo!

A todos os homens, aos homens de todas as mulheres, aos homens que um dia foram meus, ao grande homem que hoje eu sinto e sorvo - em ritual solene, em culto aberto junto à natureza, sem medo e sem segredo -, entrego, emocionada, com respeito e ternura, meu canto de louvor!

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