Sempre achei que a vida humana tinha sentido, apesar de muitas opiniões
contrárias e de não ser exatamente um místico. Certa vez
escrevi: "Nunca Albert Einstein esteve tão coberto de razão
quando declarou: "O homem que diz que sua vida não tem nenhum sentido
é, não apenas um sofredor, mas também indigno de viver".
A vida, portanto, tem sentido, sim! O sentido da vida é CRIAR ! Pouco importa
recompensas ou castigos; felicidade ou amarguras; esperanças ou desilusões;
fortuna ou penúria. Nem se esta vida é efêmera ou continua
após a morte."
Penso também que a escrita é o auge do impulso criativo, e a maior
recompensa de quem escreve não é dinheiro, e sim, saber que se é
lido. É como se aquilo que foi tirado tão penosamente da nossa cabeça
não tivesse sido em vão. Mais do que isto: sentimos que estamos
conversando com o leitor e, portanto, difundindo o nosso pensamento, nossas idéias
e, muitas vezes, contando parte da nossa história pessoal, não obstante
nos encontremos fisicamente distantes.
Já vi alguém dizer que escrever é um ato de presunção!
Talvez seja esta a minha maior motivação para fazê-lo, pelo
menos ao nível do inconsciente. Por outro lado, paralelamente aos impulsos
básicos próprios de todos os seres humanos, escrever é também
um ato decisivo para a minha razão de viver. Quem sabe, a única
maneira de me comunicar comigo mesmo. Ou o viés que encontrei a fim de
me libertar dos grilhões da rotina, da angústia, dos momentos de
desesperança e de outros fantasmas inerentes à condição
humana.
Pode parecer cinismo, mas nunca hipocrisia: escrever e, sobretudo, editar um texto
pode ser não apenas um ato de presunção, mas também
de um cabotino exibicionismo. Porém isto não é, de modo algum,
condenável. Primeiro porque a liberdade de expressão está
garantida pela Declaração Dos Direitos Humanos. Depois, porque quem
tem algo a dizer, e alguém disposto a ler, pecaria no mínimo, por
omissão se se abstivesse de divulgar o seu pensamento em nome de uma falsa
humildade que a ninguém beneficiaria. Pelo contrário, imagine-se
um Balzac omitindo-se de escrever em nome da modéstia. Que tesouro teria
sido sonegado à humanidade.
Claro que se esteve a falar, até agora, sobre escrever textos em prosa.
Escrever Poesia transcende a tudo isto, mesmo porque ela nem precisa ser escrita
para que exista. Poesia, longe de ser um gênero literário, é
um estado de espírito. Iria ainda mais além: é um estado
de espírito transcendental, sobre-humano, quase divino. Se este nosso planeta
tivesse sempre de ser segmentado, dividido em castas e classes, como de fato é,
o único critério para este "apartheid", a meu ver, deveria
ser entre poetas e não poetas. Obviamente, não penso
exatamente assim, até porque sou antes de tudo um radical defensor da igualdade
entre os homens; trata-se, antes, de uma hipérbole e de uma metáfora
a fim de manifestar melhor a minha admiração, o meu apreço
e o meu respeito por todos os verdadeiros poetas deste mundo.
Ontem nos acenou com um "até logo mais" um grande Poeta e Amigo.
Amigo não apenas de alguns, mas de todos. Embora nossa amizade tenho sido
virtual, dava para sentir isto: ele era amigo de todas as pessoas. Pensando melhor,
era amigo não apenas das pessoas, mas de toda a Natureza. Se o Sentido
da vida é Criar, como eu penso, e se esta Criação se dá
através da Poesia, a vida dos poetas é, não apenas Criativa,
mas também Eterna. Por isto, pelo menos para mim, o Guido Carlos Piva não
morreu, nem nunca morrerá, exatamente por causa disso - os Poetas são
eternos.