O máximo prazer que um homem pode experimentar nesta vida não
é o próprio gozo, mas levar a sua fêmea a gozar. Ele transcende
as sensações físicas do seu orgasmo e as envolve numa atmosfera
de delícias tais que todas as emoções boas possíveis
e até aquelas que a sua imaginação nem pode alcançar,
por mais fértil que ela seja, se tornam insuperáveis, incríveis,
diria que quase sobre-humanas. Penso mesmo que, se alguém pretendesse
transmitir a outrem um esboço das venturas do Paraíso, nunca encontraria
outro padrão mais adequado a que comparar.
A imagem da fêmea num orgasmo profundo é algo que mobiliza o âmago
de todas as emoções do parceiro, pois este reconhece que está
sendo o responsável por aquele transe e não há maior bem-estar
possível de existir nesta vida do que dar prazer. Os presentes que se
dão a alguém pelo aniversário, pelo Natal, pela Páscoa,
por qualquer outra data comemorativa, por exemplo, trazem mais alegria a quem
os entrega do que a quem os aceita. Quando doamos algo que é valorizado
por quem o recebe e constatamos que a nossa doação tornou o outro
feliz, nossa auto-estima se sobrepõe a qualquer outro sentimento. Do
mesmo modo, quando recebemos um presente de uma pessoa de quem gostamos, este,
por mais insignificante que seja o seu valor, nos comove e fascina, mas quem
sentiu a maior emoção foi quem o ofertou. Porém, no ato
do amor físico não damos presentes, pois aquilo que doamos somos
nós mesmos e não existe uma prova de amor maior do quer nos entregar,
sem limites, ao ser amado.
Experimente oferecer flores a uma mulher - um mimo aparentemente insignificante
e tão pouco dispendioso - e verifique o que acontece. O prazer, a gratidão
e a felicidade dela emanam de todos os poros e aquilo nada mais representa do
que um símbolo do êxtase orgástico; não é
à toa que as flores são os órgãos genitais das plantas.
Para a mulher que recebe de alguém que ama, um ramalhete, uma corbelha,
um buquê ou uma simples e solitária rosa vermelha, a emoção
é tão intensa que ela não consegue disfarçar, e
este mesmo prazer é devolvido com uma intensidade milhares de vezes maior
para quem proporcionou aquela felicidade. Nesta oração de amor,
o sujeito é e se sente mais importante, mais valorizado, mais feliz do
que todos os objetos da sua ação. Se o simples e, aparentemente
banal, ato de oferecer flores a uma pessoa a quem amamos nos faz felizes, imagine-se
proporcionar o maior prazer físico que alguém é capaz de
sentir.
Levar uma mulher a um orgasmo intenso, múltiplo, profundo - ou vice-versa
- torna o agente que o gerou mais confiante em si mesmo, mais seguro do seu
desempenho amoroso, mais ciente da sua capacidade de doar (e de receber) intensas
emoções e, portanto, mais feliz. A sensação de se
levar uma mulher ás culminâncias de um transe orgástico
jamais poderia ser descrita através de palavras. Para alguns, este é
o verdadeiro amor entre um homem e uma mulher, pois é o único
que não pede, mas doa; não exige reciprocidade; não se
preocupa com o próprio prazer; por isto, ele (ou ela) não hesita
diante de qualquer obstáculo.
Pouquíssimos jovens da minha geração tiveram a felicidade
de experimentar as delícias deste paraíso, pois naquele tempo
o máximo que se conseguia era pôr nas coxas; além disto,
era tudo feito na carreira, com boca na boca, mas o olho direito no da parceira
e o esquerdo na porta vigiando se vinha alguém; enquanto uma das mãos
acariciava um seio, a outra cuidava da braguilha; um pensamento estava na cabeça
de baixo, onde a vontade superava qualquer pavor, e outro na de cima, precavendo-se
contra as conseqüências trágicas diante de um eventual flagrante
delito. Raramente, portanto, havia penetração, mas quando esta
acontecia não se precisava fazer qualquer esforço porque a rigidez
era tamanha que aquela boca sedosa, macia, fresca e aveludada como as pétalas
de uma rosa, se encarregava de sugar tudo para dentro dela. O próprio
gozo, o jovem adolescente, às vezes, até poderia esquecer. Jamais
o delírio daquela fêmea.