No ano da Copa do Mundo o Brasil ficou mais verde e amarelo. Nunca se viu tanto
patriotismo: bandeirinhas, bandeirolas, bandeiras gigantes nas mãos de
brasileiros, amarradas aos seus corpos, enfeitando janelas. O Hino Nacional,
balbuciado ou gritado por muitas bocas que não o sabem cantar inteiro,
cuja letra nem é, de fato, compreendida por não ter sido adequadamente
absorvida como lema da Pátria. Enfim, os símbolos nacionais estão
relacionados, hoje, à Copa do Mundo. E depois? Esse ufanismo todo manifestar-se-á
a partir do final desse torneio e ficará incorporado a vida dos brasileiros,
ou estará sendo demonstrado apenas em eventos esportivos?
As famílias e as escolas já não mais cultivam o civismo,
o amor à Pátria com a mesma intensidade de antes. Sabíamos
entoar o Hino Nacional Brasileiro do começo ao fim, sem trocar, por exemplo,
versos da primeira com o da segunda parte da letra, ou seja, Brasil, um
sonho intenso, um raio vívido, da primeira parte, e Brasil,
de amor eterno seja símbolo, da segunda. Compreendíamos,
também, o significado do poema, cuja maioria dos seus versos foi construída
na ordem indireta, com termos ainda pouco conhecidos e nada explicados, principalmente
nas escolas. Hoje, não há mais o professor de educação
musical e, quando esse profissional existe, talvez nem saiba corretamente a
letra e a música de um dos mais belos hinos pátrios de todo o
mundo. A Bandeira Nacional, então, está sendo usada em situações
discutíveis, tais como: tecido para confecção de roupas,
forro de mesa, toalha de praia, lenço de cabeça, guardanapo, fundo
para a aplicação de distintivos de times de futebol, num total
desrespeito a esse símbolo nacional. A Bandeira Brasileira não
é um simples pedaço de pano; é um dos Símbolos da
Pátria e, por isso, deve merecer de nós, brasileiros, maior respeito.
Hoje ela passou a ser, apenas, a bandeira da Seleção Brasileira
de Futebol. E quando a seleção se desfizer? Certamente a bandeira
não estará sendo tão lembrada e, ao ser utilizada, certamente
não será percebida com a mesma galhardia.
Aproveitemos esse momento para incutir nas pessoas as maneiras mais corretas
do uso e do respeito aos Símbolos Nacionais, principalmente a Bandeira
e o Hino. Voltemos nossa atenção a eles e nos preocupemos em reverenciá-los
nos momentos em que estiverem sendo corretamente utilizados. Se existe o mau
uso, até por inocência, é hora de valer-se dos recursos
da poderosa mídia para despertar nas mentes das pessoas que esses símbolos
são os retratos vivos do Brasil e que devemos, acima de tudo, ter respeito
por eles e, quando ouvirmos o Hino Nacional e vermos a Bandeira Brasileira hasteada
num mastro ou conduzida num momento patriótico, saibamos que nós,
brasileiros, estamos ali representados, como filhos dessa Pátria ainda
tão sofrida, tão desigual, tão merecedora de ocupar uma
posição de destaque entre as maiores nações do mundo.
Precisamos sentir orgulho pleno da nossa nacionalidade, não apenas nos
momentos de competições esportivas, mas a todo instante, para
assumirmos uma identidade única, mais solidária, mais humanizadora,
mais comprometida com os nossos ideais de cidadania. Não nos permitamos
deixar levar como massa ufanista na avalanche da paixão momentânea.
Exercitemos os hábitos de civismo com naturalidade, mas com sabedoria,
para que, a todo o momento, possamos sentir orgulho do país em que nascemos.
Que as vuvuzelas entoem como clarins do civismo pleno, manifestando
brava sonoridade que nos remeta ao papel de brasileiros de fato e não
apenas de torcedores envolvidos pelo fanatismo passageiro.