Um dia desses, assistindo um programa de TV, fiquei sabendo que foi realizada
uma pesquisa com a população para se saber o que mais estava afetando
as boas relações entre os cidadãos. A maioria respondeu
que a sociedade precisava incutir valores ao comportamento das pessoas para
que, a partir dessa prática, os relacionamentos melhorassem. Então,
para a minha surpresa, os entrevistadores mostraram-se em dúvida com
relação ao conceito de valores. Eles foram novamente às
ruas perguntar a respeito e, da população, ouviram que esses tais
valores estão vinculados ao amor, à humildade, ao respeito, à
tolerância, à solidariedade, enfim, a outros tantos valores sociais
que, infelizmente, a humanidade resolveu abolir e colocar como algo em desuso
nas suas vidas. Confesso que achei interessante esse tipo de pesquisa porque,
de uns tempos para cá, tenho observado atitudes estranhas, nada civilizadas,
colocadas em prática por pessoas de certo poder aquisitivo e, penso eu,
também razoavelmente instruídas.
Os seres humanos, quase sempre, praticam atos considerados banais, mas desrespeitosos,
passando à frente de outros em uma fila, pagando propinas
para agilizar o trâmite de papéis, forçando a passagem no
trânsito com o uso de farol ou de buzina, ocupando espaços demasiados
em locais públicos. Esses exemplos estão num imenso rol de tantos
outros hábitos nada civilizados, que a humanidade deveria ter vergonha
de praticar.
Muitas vezes encontramos indivíduos impacientes e mal educados no meio
social, fazendo valer, via de regra, os seus direitos, mas esquecendo, quase
sempre, que também precisariam cumprir determinados deveres para poder
reivindicar algo para si. Há, ainda, aqueles que, sem nenhum tipo de
escrúpulo, conseguem cargos, vantagens, lugares reservados, favores em
empresas, usando amigos influentes ou o seu próprio poder de intimidação.
Fico, ainda, desapontado com a quantidade de gente que usa o seu semelhante
para proveito próprio, fingindo amizade a partir de um tratamento pseudo-carinhoso
mas aliciador, até conseguir o seu intento para depois, sem qualquer
pudor, jogar a pessoa usada no ostracismo, revelando antes os seus prováveis
defeitos e fazendo questão de encobrir as suas qualidades. Somos, diariamente,
desrespeitados por pessoas que deveriam agir com cordialidade e carinho no trato
com os seus semelhantes; essas pessoas sabem como gritar, exigindo para si o
que a sociedade só lhes poderia dar se elas tivessem feito a sua parte.
Quando soube que a mídia está preocupada em debater essas questões
passei a enxergar uma luz no final do túnel e, assim, vislumbrei nova
esperança. Então, vem o desejo de que toda essa discussão
seja posta em prática para que, em pouco tempo, possamos vislumbrar um
mundo mais harmonioso, menos individualista.
Diante de tanta tecnologia, precisamos de uma sociedade mais humanitária,
mais comprometida com os seus ideais coletivos, menos fútil, mais densa
e voltada às trocas de favores, onde os homens possam, finalmente, gritar
aos quatro ventos que, como habitantes do nosso tão maltratado Planeta
Terra, sejam capazes de usufruir da garantia de serem iguais em direitos e oportunidades,
legítimos detentores da plena felicidade necessária a uma existência
mais digna e adequada a todos os seres puros, simples e predispostos a por em
prática a tão sonhada solidariedade.