A Garganta da Serpente
Veneno Crônico crônicas
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Resgatando Valores

(Maurilio Tadeu de Campos)

Um dia desses, assistindo um programa de TV, fiquei sabendo que foi realizada uma pesquisa com a população para se saber o que mais estava afetando as boas relações entre os cidadãos. A maioria respondeu que a sociedade precisava incutir valores ao comportamento das pessoas para que, a partir dessa prática, os relacionamentos melhorassem. Então, para a minha surpresa, os entrevistadores mostraram-se em dúvida com relação ao conceito de valores. Eles foram novamente às ruas perguntar a respeito e, da população, ouviram que esses tais valores estão vinculados ao amor, à humildade, ao respeito, à tolerância, à solidariedade, enfim, a outros tantos valores sociais que, infelizmente, a humanidade resolveu abolir e colocar como algo em desuso nas suas vidas. Confesso que achei interessante esse tipo de pesquisa porque, de uns tempos para cá, tenho observado atitudes estranhas, nada civilizadas, colocadas em prática por pessoas de certo poder aquisitivo e, penso eu, também razoavelmente instruídas.

Os seres humanos, quase sempre, praticam atos considerados banais, mas desrespeitosos, passando à frente de outros em uma fila, pagando “propinas” para agilizar o trâmite de papéis, forçando a passagem no trânsito com o uso de farol ou de buzina, ocupando espaços demasiados em locais públicos. Esses exemplos estão num imenso rol de tantos outros hábitos nada civilizados, que a humanidade deveria ter vergonha de praticar.

Muitas vezes encontramos indivíduos impacientes e mal educados no meio social, fazendo valer, via de regra, os seus direitos, mas esquecendo, quase sempre, que também precisariam cumprir determinados deveres para poder reivindicar algo para si. Há, ainda, aqueles que, sem nenhum tipo de escrúpulo, conseguem cargos, vantagens, lugares reservados, favores em empresas, usando amigos influentes ou o seu próprio poder de intimidação. Fico, ainda, desapontado com a quantidade de gente que usa o seu semelhante para proveito próprio, fingindo amizade a partir de um tratamento pseudo-carinhoso mas aliciador, até conseguir o seu intento para depois, sem qualquer pudor, jogar a pessoa usada no ostracismo, revelando antes os seus prováveis defeitos e fazendo questão de encobrir as suas qualidades. Somos, diariamente, desrespeitados por pessoas que deveriam agir com cordialidade e carinho no trato com os seus semelhantes; essas pessoas sabem como gritar, exigindo para si o que a sociedade só lhes poderia dar se elas tivessem feito a sua parte. Quando soube que a mídia está preocupada em debater essas questões passei a enxergar uma luz no final do túnel e, assim, vislumbrei nova esperança. Então, vem o desejo de que toda essa discussão seja posta em prática para que, em pouco tempo, possamos vislumbrar um mundo mais harmonioso, menos individualista.

Diante de tanta tecnologia, precisamos de uma sociedade mais humanitária, mais comprometida com os seus ideais coletivos, menos fútil, mais densa e voltada às trocas de favores, onde os homens possam, finalmente, gritar aos quatro ventos que, como habitantes do nosso tão maltratado Planeta Terra, sejam capazes de usufruir da garantia de serem iguais em direitos e oportunidades, legítimos detentores da plena felicidade necessária a uma existência mais digna e adequada a todos os seres puros, simples e predispostos a por em prática a tão sonhada solidariedade.

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