Para se pensar em incluir, precisamos admitir que existem indivíduos
excluídos. Teremos que pensar nos critérios para promover a inclusão
de pessoas na sociedade com direitos e deveres garantidos, na condição
de cidadãos plenos e bem-sucedidos. A legislação brasileira
garante essa inclusão às pessoas portadoras de necessidades especiais,
para que elas possam se integrar ao meio social e conviver de forma integral
com seus semelhantes. Para bem cumprir essas leis, foram criadas condições
que facilitam a acessibilidade de pessoas aos serviços e aos meios de
satisfação pessoal, profissional e de aquisição
do conhecimento. Essa inclusão possibilitará a todos os cidadãos,
do mais privilegiado ao mais carente, o direito de contribuir com o seu talento
para o bem comum. Não se pode, portanto, negar a nenhuma pessoa a oportunidade
de ser feliz expressando talentos, convivendo em uma sociedade em que a legitimação
das diferenças seja a sua característica mais marcante.
E o que faz a escola, como instituição voltada à educação
do cidadão? Recebe todos aqueles que desejam estudar, ganhar novos conhecimentos
e conquistar a formação adequada ao seu bem-estar integral. Percebemos,
porém, que a prática ainda está distante da teoria, admitindo
existir instituições de ensino preparadas para desenvolver, com
sucesso, a questão da inclusão. Esbarramos em situações
relacionadas a critérios de acessibilidade, no sentido de proceder à
socialização de indivíduos de maneira mais saudável,
com preceitos definidos no sentido de que cada situação deva ser
tratada com atenção. Inserir pessoas em ambientes sociais adversos
à sua condição, objetivando a sua perfeita socialização,
pode levá-las à exclusão e não à inclusão,
dificultando qualquer tentativa de socialização. Existem profissionais
preparados em atividade nas escolas para bem atender e acompanhar os trabalhos
de inclusão. Porém são poucos, num universo de servidores
que não estão treinados para resolver situações
educativas e/ou conflitivas com alunos de inclusão. Além disso,
o medo, o preconceito, a omissão, a falta de compromisso para com o trabalho,
fazem com que qualquer tentativa de sucesso voltada à inclusão
fracasse antes de começar. Penso que, quando se pretende levar pessoas
especiais a participar mais ativamente do processo de inclusão, deve-se
pensar em executar tal atividade por etapas, trocando-se gradativamente os ambientes
socializadores, até se chegar àquele em que o mundo se abre mais
diretamente diante dos olhos desses indivíduos. O que se faz hoje é
apenas substituir o local original em que a pessoa especial vivia para outro,
avesso a ela, sem critérios, sem acompanhamento adequado, sem uma atenção
mais produtiva que possa levar essa pessoa à plena adaptação.
Então, indivíduos considerados especiais são, literalmente,
"empurrados", colocados à margem e cuidados como seres estranhos
e trabalhosos, apenas. Compreende-se que, apesar de toda a legislação
normatizadora desse programa de inclusão, em que na teoria tudo é
possível, a prática não confira à Lei o respaldo
devido. Portanto, a inclusão social na escola ainda é um mito,
embora algumas ações tenham alcançado relativo sucesso.
Como educador, tenho observado tudo isso na prática e posso dizer que
existe a possibilidade de que ocorra, de fato, um trabalho eficaz, com pleno
sucesso, desde que se inicie, agora, um processo de preparação
dos trabalhadores da educação, adequação de ambientes
e minimização de preconceitos sociais, para que, de fato, não
se continue levando a questão da inclusão social como algo possível
nos planos e nos relatórios, mas difícil de ser posta em prática
na sociedade.