A Garganta da Serpente
Veneno Crônico crônicas
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Momentos

(Maria José Zanini Tauil)

Sento à sombra do salgueiro chorão, num jardim que já não existe. Colho a pureza da paisagem que imagino. Registro a solidão no caule da palavra, que brota no silêncio das minhas manhãs. Busco na memória a emoção do nada. Nas ondas do lençol, procuro o mar distante, o barco à vela singrando momentos felizes que estão registrados no livro do passado.

Percorro em meu voo a infância dos meus filhos, num tempo em que eu era o porto seguro de ambos. Carrego comigo as cores do horizonte, pois por trás dele, meu pensamento os encontra e os abraça em abraços prolongados. Os espelhos que vivem em mim refletem os olhos de meus cinco netos.MARAVILHOSOS!

Sacudo a ferrugem do passado e desato laços do presente. Pacientemente, faço o catálogo dos sonhos pendentes e, surpresa, descubro: eles ainda existem!

Os dias abrem suas portas e na geometria das manhãs, viajo em outro ângulo. Percorro com o olhar os retratos na parede. Invento a alegria para não chorar. Meus momentos usam vestidos de saudade e meu pensamento é feito de tempo.

Chego à janela, contemplo a vida, a luz me afaga e abraça a minha paz interior. Ela preenche os meus dias. Embora sozinha, jamais estarei só.

  • Publicado em: 19/01/2011
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