A Garganta da Serpente
Veneno Crônico crônicas
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Vícios

(Maria José Zanini Tauil)

As emoções ainda me queimam como fogo ou nicotina.

Vivi um amor aflito, que ora desfazia-se em fumaça, ora me levava ao nirvana.

A vida nada me deve, pois saturei-me de privilégios e os sentimentos me corroeram como o trago de um cigarro.

Encontrei minhas raízes e liberei minhas culpas. Acumulei funções de mãe e mulher. Sem feminismo, fui escrava desse domínio, pleno de fonteiras movediças.

Inúmeros vícios: amar, doar-se, ousar. Nada de rendição, pois abstinências me fragilizam.

Desvendei propósitos, mensurei minhas capacidades.

Explorei terras agrestes, suei dias e agonizei noites.

Planejei cultivar um jardim, um latifúndio improdutivo feito com os meus sonhos vãos. Tentei arrendar o território do coração alheio, quis pagar mensalidades, dízimos, vassalagem...não consegui!

Qualquer retorno aceitaria pelo caminho vivido... caminhado.

Voltei sem chão, mas continuo apertando nas mãos as minhas sementes.

  • Publicado em: 05/05/2010
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