O livro é o pão do espírito. Adoro livrarias. Numa tarde
chuvosa, entrei numa delas.
Ela regusgitava de gente. Era mês de março e estudantes voltando
às aulas. Educar é o verbo mais difícil de conjugar, na
prática dos dias hodiernos. Verdade!
Como educar numa sociedade de consumo? Não só de consumo...a sociedade
é competidora e desumana. O que ensinar? A tornar-se vítima ou
a sobreviver?
Acho um crime de lesa-pátria o não saber, mas ao mesmo tempo,
acho que não ter caráter é pior.
Saio das prateleiras de livros pedagógicos e procuro uma de livros de
regalo para o espírito. Uma ilustração de capa faz-me lembrar
da portuguesa Alcina, que nos tanques da vida, tirou a educação
e a formação dos filhos. Missão cumprida a daquela mulher
realizada, que mal assinava o nome. Mulher que os meios de comunicação
não conseguiram atingir. É...não saber, às vezes
pode ser bom.
Sem enfermidades corporais ou espirituais, sem pecados ou vícios, sem
interpretar bulas de remédios, sem ambição
ou avareza, sem luxúria. Jamais a febre de elevar-se para enriquecer.
Quantos ortodoxos conheço, sem nenhuma criatividade, tão vazios
por dentro!
Quantos intelectuais buscam provar a existência de Deus?
Alcina não sabe ler, mas crê. Põe os joelhos no chão,
o rosto no pó e fala da sua maneira com seu Deus.
Bendito os que não leem, mas creem.