A Garganta da Serpente
Veneno Crônico crônicas
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Flutuando em versos

(Maria José Zanini Tauil)

Não me dissipo em partículas porque me resta a poesia. Meus versos abrem janelas para o céu, lançam-me em épicas trajetórias e tornam meu cotidiano possível. Nos meus versos não me livro da dor, continuo dando de cara com incertezas que conseguem sustentar minha fragilidade. Elas me fazem encontrar esconderijos dentro de mim, onde esmiúço cantos e recantos, onde me reconforto com sentimentos em reserva.

Tenho mais passado que futuro e o curioso é que a alma ainda é menina. Não percebeu os volteios do tempo. Ah, meus versos! Eles me colocam de ponta cabeça. Minhas páginas, mesmo cansadas, revelam sempre significados imprevistos e saídas para qualquer beco.

Ainda me vejo visitando antigas descobertas, embora o coração produza um barulho enferrujado. Morte e vida se revelam juntas. Parece que descobri tudo e ao mesmo tempo nada. Assim mesmo...bem paradoxal. Ando sozinha mas meus possessivos me seguem. Temo ser engolida por uma embalagem a vácuo e calar-me para sempre.

Vivo um jogo que não conheço e há controvérsias a respeito das regras. Nem sei dizer se o apito que ouvi é de impedimento. O fato é que ainda busco palavras que façam soar a leveza que há em mim. Quero compor versos que me façam flutuar.

  • Publicado em: 27/08/2010
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