Parto...sem dor. Buscarei caminhos infinitos que conduzem a lugar algum.
Na verdade, queria deitar sobre a nuvem dos meus sonhos e assisti-los realizados,
no telão das lembranças. Ainda que a personagem não fosse
eu, colocaria-me em sua pele...faria de conta.
Fazer de conta...a vida foi sempre um faz de conta.Fazemos de conta que somos
felizes, fazemos de conta que somos realizados, fazemos de conta que temos auto-estima
profunda.
Hoje, parto sem dor e sem mágoa...sem saudades. Parto para o desconhecido,
para decifrar a incógnita da minha vida meio sem sentido.
Não consigo vislumbrar caminhos floridos, céus estrelados, rios
de águas límpidas. Já estou por demais condicionada aos
caminhos íngremes e pedregosos, às tempestades, aos rios de águas
negras e caudalosas..
Parto sem dor, mas de uma forma diferente. Levo um coração mais
leve, a alma conseguiu arrebentar os elos da corrente que a aprisionava. Uma
incrível paz se apodera de todo o meu ser. Não existe dor, não
existe medo, não existe indecisão. Descobri, por fim, o significado
da palavra perdão.