A Garganta da Serpente
Veneno Crônico crônicas
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Baby doll vermelho

(Maria José Zanini Tauil)

Um recadinho no celular do marido deflagrou toda a tempestade na vida de Bruna. Ela viu-se diante de uma traição consumada. Descabelou-se, chorou, bateu em Hugo. Como tivera coragem?

Com a auto-estima na sola do pé, depois de alguns dias e noites sem dormir, buscou uma terapeuta.

Como entender os homens? Ela oferecia ao seu homem carne de primeira, conseguida a duras penas em duas horas diárias de academia, com direito a baby doll vermelho, cinta-liga e outros apetrechos eróticos. O infeliz foi buscar um hambúrguer de carne de segunda, engordurado, com aquela secretariazinha medíocre do escritório.

"Eu a vi! É uma porcariazinha de um metro e meio, dobras de gordura na cintura e na barriga, cabelo maltratado, oxigenado, espetando o vento...Por que ele fez isso comigo...responda?" gritava em prantos.

Curiosamente, a terapeuta começou a chorar. "Está triste por isso, minha amiga? não fique! Você não foi trocada! Os homens têm essa necessidade louca de variar! Faz parte da natureza deles! O único problema de seu marido é a falta de gosto, quem sabe ligada a algum problema da infância. Ele deve provar até carne de porco, de rã, de cobra..."(snif!)

Nessa altura, a mulher soluçava. Bruna espantou-se: " Nossa! Nunca imaginei que você fosse tão solidária com os pacientes! Sempre soube que não podem se envolver emocionalmente, no entanto, parece que sofre mais do que eu!"

" E sofro, minha amiga!" respondeu a terapeuta. "Seu marido a traiu com uma mulher...Eu encontrei o meu marido de baby doll vermelho na cama... com um homem!"

  • Publicado em: 06/07/2005
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