A Garganta da Serpente
Veneno Crônico crônicas
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Reflexões de uma santa semana

(Maria José Zanini Tauil)

Lembro-me bem da época de páscoa na minha infância. Na sexta-feira da paixão, no rádio, só se ouvia músicas clássicas, fúnebres...Na Rádio Nacional havia a VIDA DE CRISTO em capítulos, que se estendiam pelo dia inteiro.

Hoje se fala de páscoa lembrando mais dos ovos para comprar, nos presentes para dar. É o reinado do coelhinho, como é o do Papai Noel no natal. E como vivenciar esse período de semana santa?

Será útil acompanhar com ternura e piedade, os vários episódios da Paixão? Ou ir ao cinema e assistir ao tão polêmico filme de Mel Gibson e derramar rios de lágrimas?. Talvez fosse excelente, mas não suficiente..

Se quisermos condoer-nos com a Paixão de Jesus Cristo, meditemos sobre o que Ele sofreu nas mãos dos judeus, mas sem esquecer o que ainda se faz hoje para ferir o Divino Coração. Não só os judeus estavam lá. Todos estávamos no Horto, como algozes, e assim seguimos até o alto do Gólgota.

Ele, o Cristo, previu tudo que aconteceria depois. Previu os pecados de todos os tempos e os de nossos dias . Sofreu antecipadamente por eles.

E nós? O que fazemos? Sofremos , solidários , aos sofrimentos de Cristo, pelo menos na sexta-feira santa e isso já alivia nossas consciências?
Oramos pelos pecadores e pedimos por suas conversões?
Fazemos jejum? Onde argumentamos? Onde testemunhamos? Onde está a nossa voz altiva e enérgica em defesa das verdades que tantos negam e injuriam?

Eu creio que ainda hoje, o coração de Cristo sangra por nossa indiferença, duplamente censurável, porque é indiferença com o nosso próximo e sobretudo indiferença com Deus.

Até mesmo pelo nosso instinto de sociabilidade, tendemos a aceitar opiniões, com medo de parecermos "caretas"...e as opiniões dominantes, geralmente, são anticristãs. Na verdade, contentamo-nos em negligenciar e ir vivendo, aceitando tudo quanto o espírito do novo século nos inculca.

Não expulsamos Cristo de nossa alma...Mas como tratamos o Divino Hóspede? Será Ele o centro de nossa vida intelectual, moral e afetiva? É Ele o Rei? Ou reservamos um pequenino espaço para Ele, o toleramos como hóspede secundário e às vezes importuno?

Será que fazemos parte da falange incontável dos que passaram a vida sem odiar, mas também sem amar? Que uso fazemos do dom da fé que possuímos?

Páscoa é alegria e esperança. É a maior data cristã. Cristo não ficou no fracasso da cruz. Ele nos trouxe uma nova aliança. A Ressurreição é a abertura do caminho para a vida plena...definitiva...eterna.

  • Publicado em: 21/03/2005
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