A meia idade se aproxima como um monstro de cara horrenda e passos velozes.
Corremos assustados,...mas não adianta, ela nos alcança e ri da
nossa cara, debocha do nosso desespero e das inúmeras tentativas de fuga.
Suas garras imensas sulcam nossa face, nossas mãos, seu peso encurva a
nossa coluna, enfraquece nossas pernas..
Os filhos, criados, buscam seus destinos. A testosterona masculina cai drasticamente,
os cabelos embranquecem, a pele fica parecendo casca de noz, os músculos
perdem a tonicidade. Na mulher cessa a capacidade reprodutiva,. Muitas repõem
o estrógeno na ilusão de ter mais um pouco de qualidade de vida.
Como diz Shakespeare: "A última cena...sem dentes, sem sabor, sem
tudo"...
Por que o homem chega ao fim? Deus o programou para tal?. Na verdade, ele é
uma máquina, como outra qualquer. Ao longo dos anos, o corpo vai acumulando
falhas. As peças são de dificílima reposição, algumas
nem podem ser trocadas. É como aquele fusquinha velho, que só tem
o valor afetivo e atravanca espaço no fundo da garagem.
Um dia, Deus balança a cabeça para seus anjos, como se dissesse:
"Perda total, encaminhem para o ferro velho".
Nossa alma sobe ao céu e o corpo gasto e sem conserto, desce à
cova, ainda com uma última utilidade: nutrir os vermes do solo.