Eu tinha doze anos quando fiquei menstruada. Naquele tempo diziam que era estar
"incomodada". Minha mãe, nunca me falara nada, mas eu já
sabia alguma coisa, através de amigas da escola.
O primeiro ímpeto, foi o de tirar minhas calcinhas ensangüentadas
e jogá-las embaixo da cama. Mais tarde, varrendo a casa, minha mãe
as encontrou e só então falou, muito superficialmente no assunto,
dando-me umas toalhinhas para usar como forro. Não havia absorventes
e as pessoas não gostavam de falar muito sobre o assunto. Nunca vi nenhum
vestígio de minha mãe menstruada. Lembro-me da vergonha ao ser
proibida pelo meu pai de tomar gelado. Vi logo que minha mãe tinha lhe
contado. Eu me sentia terrivelmente doente e só ficava deitada, embora
não sentisse dor alguma. Que estranho! As amigas diziam que doía!
Hoje, as meninas sabem que a menstruação está ligada à
capacidade de gerar filhos. A maioria fica orgulhosa da nova condição,
menina e mulher e comemoram contando para todos.
Minha filha estava fazendo um trabalho em casa, com coleguinhas da escola. Ao
ir ao banheiro e perceber que menstruara, pulou à minha volta: "Adivinha,
mãe! Adivinha o que aconteceu!". Comecei a brincar com ela: "O
Cláudio quer namorar você?" "Não!" Ela me
respondeu. "Já sei! Ficou mocinha?" Prontamente, ela respondeu:
"Acertooooouuuuu!"
Quis logo ir à farmácia comprar absorventes e pediu o dinheiro
ao pai, que ficou espantado diante de seu modo tão alegre e natural de
encarar a coisa. Eu já havia conversado com ela. Muitas vezes me vira
menstruada, trocando absorvente.
Não fiz com que tivesse nojo daquele sangue. Expliquei-lhe que ele contém
vitaminas, proteínas, ferro, etc. Um produto que tivesse todos os seus
elementos, certamente seria caro na farmácia.
As mulheres que conhecem o valor da menstruação, lamentam quando
chegam à menopausa, pois a baixa de progesterona as tornam mais vulneráveis
a doenças e a reposição hormonal é faca de dois
gumes.
A chegada da menstruação insere na vida da mulher uma fase de
inseguranças, confusão de idéias, inquietude, de sonhos
e pesadelos tão próprios da adolescência. Também
é tempo mágico de coração batendo agitado na busca
do príncipe encantado.