O que se passa na cabeça de um poeta? Inquietação? Contradição?
Desorganização de pensamentos? Contradições? Devaneios?
Criatividade? Tédio?
Fernando Pessoa tinha tudo isso e mais as dificuldades em seguir regras...Até
pelo fato de viver vários "eus", seus famosos heterônimos,
para poder descrever o mundo sob diferentes ângulos.
Criava várias personalidades, cada uma com forma própria de pensar
, agir e escrever, totalmente diferentes do que era assinado com o seu verdadeiro
nome.
Sua contradição se torna evidente e a visão sobre si mesmo,
imprecisa. Em curto espaço de tempo, ia da tristeza à alegria,
da apatia à euforia.
Acusam-no de melancólico e pessimista, mas é evidente que foi
num momento eufórico que escreveu: "Para ser grande, sê inteiro:
nada teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
no mínimo que fazes. Assim, em cada lago a lua toda brilha, porque alta
vive".
Também em: "Tudo vale a pena, se a alma não é pequena"...
Ou mesmo em: "O poeta é um fingidor, que finge ser amor, a dor que
deveras sente".
Na sua pele, era nacionalista convicto. Cada heterônimo tinha um tipo
físico, uma profissão. Não eram máscaras literárias,
não podem ser confundidos com pseudônimos. Ele não inventou
personagens-poetas, mas criou obras de poetas.
Ricardo Reis era médico e poeta neoclássico. Sua temática
era a passagem do tempo, a irreversibilidade do fado, como dizem os portugueses,
referindo-se ao destino..
Alberto Caieiro vivia no campo e quase não tinha instrução.
Morreu em 1915, de tuberculose . Poeta-pastor, reconciliado com a natureza.
Autodidata, vê o mundo de forma sadia e plena, vivendo em comunhão
direta com ele e com seus fenômenos.
álvaro de Campos era engenheiro naval, poeta modernista, futurista e
cubista, versos livres, explosivos e de linguagem coloquial.
Fernando Pessoa como Fernando Pessoa : poeta filósofo, sutil e complexo,
reunindo o sentir e o pensar.
Que poder incrível, o de reunir várias cabeças pensantes,
numa só cabeça... Uma só Pessoa em várias pessoas!