No pátio, um grupo de alunos ria, observando o mural que o professor
acabara de montar. Perguntei-lhes o motivo do riso e apontaram uma foto. "Aquele
velhinho, professora, com cara de maluco, está fazendo careta pra gente"!
Sorri diante do comentário. Era Einstein, com sua irreverência,
sua genialidade e sua simpatia.
O olhar já dizia. Era daquele tipo de gente que rebelava-se contra o
tradicional, mas quando colocava algo na cabeça, virava idéia
fixa. Conheço tanta gente assim! Claro que isso acontecia com assuntos
que despertavam o seu interesse. Tinha uma aguçada intuição
e sua mente inquieta conduzia seus estudos por caminhos inesperados.
Disse ao grupo: " Em vez de rirem , leiam aí, quem foi e o que
fez esse homem?" Um engraçadinho logo falou: " No mínimo
pulou o muro do hospício"! Um outro, começou a ler para o
grupo: " Albert Einstein descobriu a Teoria da Relatividade, toda elaborada
pela intuição. Posteriormente, ele, com outros físicos,
comprovaram a veracidade da descoberta".
Completei: " As proposições dessa teoria foram comprovadas
aqui, no Brasil, precisamente em Sobral, no Ceará, em maio de 1919, durante
um eclipse solar. Foi demonstrado que a luz das estrelas era atraída
pelo sol.
A descoberta de Einstein serviu de base para que posteriormente, os cientistas
demonstrassem a unidade essencial da matéria e da energia, do espaço
e do tempo e a equivalência das forças de gravidade.
O sinal bateu. Os alunos foram para as salas. Continuei ali, olhando o mural.
Realmente, era o perfil de um visionário. Ia fundo nos fenômenos
que se tornavam foco do seu interesse. Em entrevistas, ele afirmava que seu
dom de fantasiar foi muito maior que o talento para absorver conhecimentos.
Disse que não era um adulto normal, pois esses não se prendem
a problemas de espaço e tempo; as crianças, sim. Como ele tinha
o desenvolvimento intelectual retardado, os questionamentos que deveriam ser
feitos na infância, ele fez na fase adulta, tendo a capacidade de ir mais
fundo na questão.
Albert Einstein foi polêmico, amado, odiado, invejado. Uma das figuras
mais importantes do século XX. O velhinho simpático, das caretas
de palhaço, eterna criança, que transformou a ilimitada imaginação
infantil em grande contribuição para a humanidade...Um doidinho
que não se intimidava com a quebra de protocolos ou de conceitos tradicionais.