A Garganta da Serpente
Veneno Crônico crônicas
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INTUIÇÃO NADA RELATIVA

(Maria José Zanini Tauil)

No pátio, um grupo de alunos ria, observando o mural que o professor acabara de montar. Perguntei-lhes o motivo do riso e apontaram uma foto. "Aquele velhinho, professora, com cara de maluco, está fazendo careta pra gente"!

Sorri diante do comentário. Era Einstein, com sua irreverência, sua genialidade e sua simpatia.
O olhar já dizia. Era daquele tipo de gente que rebelava-se contra o tradicional, mas quando colocava algo na cabeça, virava idéia fixa. Conheço tanta gente assim! Claro que isso acontecia com assuntos que despertavam o seu interesse. Tinha uma aguçada intuição e sua mente inquieta conduzia seus estudos por caminhos inesperados.

Disse ao grupo: " Em vez de rirem , leiam aí, quem foi e o que fez esse homem?" Um engraçadinho logo falou: " No mínimo pulou o muro do hospício"! Um outro, começou a ler para o grupo: " Albert Einstein descobriu a Teoria da Relatividade, toda elaborada pela intuição. Posteriormente, ele, com outros físicos, comprovaram a veracidade da descoberta".

Completei: " As proposições dessa teoria foram comprovadas aqui, no Brasil, precisamente em Sobral, no Ceará, em maio de 1919, durante um eclipse solar. Foi demonstrado que a luz das estrelas era atraída pelo sol.

A descoberta de Einstein serviu de base para que posteriormente, os cientistas demonstrassem a unidade essencial da matéria e da energia, do espaço e do tempo e a equivalência das forças de gravidade.

O sinal bateu. Os alunos foram para as salas. Continuei ali, olhando o mural.
Realmente, era o perfil de um visionário. Ia fundo nos fenômenos que se tornavam foco do seu interesse. Em entrevistas, ele afirmava que seu dom de fantasiar foi muito maior que o talento para absorver conhecimentos.

Disse que não era um adulto normal, pois esses não se prendem a problemas de espaço e tempo; as crianças, sim. Como ele tinha o desenvolvimento intelectual retardado, os questionamentos que deveriam ser feitos na infância, ele fez na fase adulta, tendo a capacidade de ir mais fundo na questão.

Albert Einstein foi polêmico, amado, odiado, invejado. Uma das figuras mais importantes do século XX. O velhinho simpático, das caretas de palhaço, eterna criança, que transformou a ilimitada imaginação infantil em grande contribuição para a humanidade...Um doidinho que não se intimidava com a quebra de protocolos ou de conceitos tradicionais.

  • Publicado em: 01/06/2004
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