Há dias em que nos sentimos envolvidos no emaranhado de maus pensamentos,
nos alimentamos deles e nos deprimimos. Surge o vazio e a solidão. Parece
que temos imenso prazer em futucar feridas, lembrar tristezas e mágoas.
Foi nesse espírito, que entrei um dia numa sala de bate-papo da internet.
O assunto era solidão. Escolada, entrei na conversa e teci comentários
e conceitos meus sobre o pior tipo de solidão : aquela que você
curte tendo outro alguém ao lado...a solidão a dois.Por que pior?
Porque você não tem o direito ou a liberdade de buscar uma companhia
mais interessante para um bate-papo ou um chopinho, para abrir seu coração
e compartilhar suas frustrações....
Quando não se está bem, não se tem muita paciência...
nem para conversar. Eu estava muito deprimida naquele dia. Logo saí do
bate-papo. Quando abri minha caixa postal , havia um e-mail de uma pessoa que
lá na sala, tinha o nick de "URSO SOLITáRIO". Ele não
escreveu nada, só me enviou um buquê de rosas virtuais.
Passou a enviá-los diariamente e eu lhe agradecia enviando ursinhos,
símbolo do seu apelido na net. Acho não...tenho certeza, de que
nunca na minha vida, ganhei tantas flores.
Um dia, enviei-lhe um e-mail dizendo que o meu jardim interior , tão
cheio de mato e capim, começava a florescer, pois eu plantava lá
todas as flores que ele me enviava. Estabeleceu-se o mudo contato. Ele continua
me enviando flores, eu continuo lhe enviando ursinhos.
É esse o encanto da internet. Contatos se estabelecem com poucas palavras.
A solidariedade por via tecnológica é possível...e como
ajuda! Basta que haja disposição para ouvir...ou melhor, ler,
escrever algumas linhas ,ou simplesmente, mandar flores. A cruz do semelhante
carente pode se tornar menos pesada com o simples gesto de enviar-lhe rosas
virtuais. As mãos podem se entrelaçar no simples toque do mouse
e a muda mensagem pode ser interpretada de várias maneiras: "Sorria!
Você é importante"..."Estou dedicando um minuto do meu
pensamento a você!"... "Você não está só!"
Obrigada, querido amigo URSO SOLITáRIO!...
Quando não se está bem, não se tem paciência para
nada. Saí logo da sala. Abri a caixa postal e lá havia um novo
e-mail. Era de uma pessoa que fazia parte do papo que eu acabara de ter. Nada
escrito. Só um lindo buquê de rosas virtuais.