Sempre fui uma mulher muito feia: gorda, com pele oleosa, vesga e com óculos
de grau. Por isto eu nunca trabalharia numa profissão como: garota de programa
ou stripper.
Há alguns meses atrás num dos cursos em que faço conheci
Pamela, uma ex - garota de programa que virou evangélica.
Apesar de sua nova religião, ela possui atitudes muito sensuais e atrai
os homens por onde passa. Além de ser muito bonita e parecida com a atriz
Mônica Carvalho.
Uma certa noite, quando saíamos do curso, um ex-cliente de Pamela resolveu
puxar conversa com ela e durante o papo os dois acabaram discutindo. Assim o rapaz
chamou a moça de prostituta em alto e em bom tom.
Resolvi defender a mulher, chamando atenção do seu colega. Porém
o moço virou para mim e disse as seguintes palavras:
- Você com cara de santa, também, é prostituta...
- Mas não uma prostituta carnal!
- Você é uma vagabunda cheia de livros debaixo do braço...
- Afinal, uma verdadeira prostituta intelectual, que pensa que se esconde atrás
uma postura de nerd!
Após falar isto o rapaz tomou outro caminho e deixou Pamela em paz.
Ao chegar em casa pensei:
- O que será, realmente, uma prostituta intelectual?
- Acho que não é uma garota de programa que vende o corpo em troca
de dinheiro, e, sim uma pessoa que vende as suas idéias em troca de algum
benefício.
- Quantas vezes vendi as minhas idéias em troca de algum sucesso passageiro?
- Resposta:
- Várias vezes!
- Quantas vezes vendi as minhas idéias em troca de prestígio?
- Resposta:
- Inúmeras vezes!
Desta forma descobri que prostituta não é apenas uma mulher que
vende o seu corpo em troca de dinheiro e que vagabunda não é somente
aquela que têm relações sexuais com vários homens ao
mesmo tempo.
Afinal estes conceitos são muito profundos.
Uma mulher pode ser virgem, mas ser uma prostituta intelectual oferecendo as suas
idéias em troca de: fama, sucesso e prestígio pela fraqueza da vaidade.
Por isto sei o que sou: uma prostituta intelectual, apesar de nunca ter se deitado
com homem nenhum.