O dicionário define deficiente como : pessoa que nasceu com algum tipo
de falha física ou mental.
Aqui, notamos que a própria definição do dicionário
é preconceituosa.
Afinal, o que seria uma falha ?
Ser diferente é possuir uma falha ?
Apresentar uma diferença física ou mental conforme a Ética
não é ter uma falha e sim possuir uma diferença. Tanto
que a Ética afirma que a definição de deficiente para uma
pessoa que apresenta uma diferença destas é anti-ética, pois o correto é chamá-la de pessoa portadora de necessidades
especiais.
O mundo é feito de diferenças. Porém, muitas culturas
levaram milênios para aceitar estas mesmas diferenças. O problema
é que ainda existem muitos lugares em que acontecem barbaridades, como
exemplo : quando uma criança nasce deficiente, ela é morta.
No Brasil, existe preconceito contra pessoas com necessidades especiais, mas
isto é abafado, pois é um preconceito tocado na surdina.
A campanha da fraternidade deste ano se chama : Levanta-te Vem Para o Meio. Ela é baseada na parte da Bíblia em que Jesus, vê um
deficiente no seu canto, muito afastado da sociedade e exclama :
- Levanta-te, Vem Para o Meio !
Então, o aleijado se cura da sua doença, passa a andar e a conviver
no meio da comunidade.
Através disto podemos notar que criaturas honestas da nossa sociedade
estão se mobilizando para incluírem as pessoas com necessidades
especiais na comunidade.
Porém, aqui, os problemas que ocorrem são as falhas traumáticas
que acontecem com relação a isto. Pois, a sociedade ainda não
discutiu e muito menos não chegou à conclusão de como incluir
as pessoas com necessidades especiais numa sociedade tão preconceituosa
como a nossa.
As escolas estão obedecendo a lei da inclusão social, que afirma
que as crianças com necessidades especiais devem conviver no mesmo ambiente
dos alunos " normais ".
Mês passado na cidade onde moro, Curitiba, houve mais um caso de violência
contra uma aluna deficiente : uma menina surda e com distúrbios neurológicos, do primário da classe especial, foi convidada para uma festa no apartamento
de um garoto do ginásio, que era parente da diretora da mesma escola. Só que lá, a menina foi violentada e submetida a humilhações.
A mãe da garota procurou as autoridades competentes, mas nada foi feito
para elucidar o caso.
O mesmo rapaz, acusado de cometer a violência, também é
suspeito de ter violentado uma menina com síndrome de Down que estudava
na mesma escola no ano passado, também na classe especial.
Testemunhas afirmaram que viram o rapaz comentando com um colega que sentia
atrações por mulheres com deficiência, o que prova que
ele possui algum distúrbio neurológico.
Atos de violência de colegas de classe contra alunos com necessidades
especiais são cada vez mais comuns nas escolas. O problema é
que casos como estes vêm sendo a cada dia mais abafados pela mídia.
A falha é que crianças e jovens "normais" não
estão sendo preparados para receber os colegas com necessidades especiais. Não há nenhum trabalho de conscientização feito
pelas escolas. Este é um trabalho que poderia ser realizado em disciplinas
como : História, Língua Portuguesa e até Biologia.
Em História, a professora poderia debater assuntos como : o histórico
da entrada de pessoas com necessidades especiais no mercado de trabalho, como
os deficientes eram tratados em diversas épocas e em culturas diversas. Já em Língua Portuguesa, a professora poderia falar sobre os
escritores que eram portadores de necessidades especiais. Na disciplina de
Biologia a professora poderia debater as questões genéticas que
fazem um ser humano nascer com algum tipo de diferença. Todas estas
sugestões seriam válidas para conscientizar os alunos "normais"
de como eles poderiam tratar seus colegas com algum tipo de necessidade especial.