A Garganta da Serpente
Veneno Crônico crônicas
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Violência Contra Pessoas Portadoras de Necessidades Especiais nas Escolas

(Luciana do Rocio Mallon)

O dicionário define deficiente como : pessoa que nasceu com algum tipo de falha física ou mental.

Aqui, notamos que a própria definição do dicionário é preconceituosa.

Afinal, o que seria uma falha ?

Ser diferente é possuir uma falha ?

Apresentar uma diferença física ou mental conforme a Ética não é ter uma falha e sim possuir uma diferença. Tanto que a Ética afirma que a definição de deficiente para uma pessoa que apresenta uma diferença destas é anti-ética, pois o correto é chamá-la de pessoa portadora de necessidades especiais.

O mundo é feito de diferenças. Porém, muitas culturas levaram milênios para aceitar estas mesmas diferenças. O problema é que ainda existem muitos lugares em que acontecem barbaridades, como exemplo : quando uma criança nasce deficiente, ela é morta.

No Brasil, existe preconceito contra pessoas com necessidades especiais, mas isto é abafado, pois é um preconceito tocado na surdina.

A campanha da fraternidade deste ano se chama : Levanta-te Vem Para o Meio. Ela é baseada na parte da Bíblia em que Jesus, vê um deficiente no seu canto, muito afastado da sociedade e exclama :

- Levanta-te, Vem Para o Meio !

Então, o aleijado se cura da sua doença, passa a andar e a conviver no meio da comunidade.

Através disto podemos notar que criaturas honestas da nossa sociedade estão se mobilizando para incluírem as pessoas com necessidades especiais na comunidade.

Porém, aqui, os problemas que ocorrem são as falhas traumáticas que acontecem com relação a isto. Pois, a sociedade ainda não discutiu e muito menos não chegou à conclusão de como incluir as pessoas com necessidades especiais numa sociedade tão preconceituosa como a nossa.

As escolas estão obedecendo a lei da inclusão social, que afirma que as crianças com necessidades especiais devem conviver no mesmo ambiente dos alunos " normais ".

Mês passado na cidade onde moro, Curitiba, houve mais um caso de violência contra uma aluna deficiente : uma menina surda e com distúrbios neurológicos, do primário da classe especial, foi convidada para uma festa no apartamento de um garoto do ginásio, que era parente da diretora da mesma escola. Só que lá, a menina foi violentada e submetida a humilhações.

A mãe da garota procurou as autoridades competentes, mas nada foi feito para elucidar o caso.

O mesmo rapaz, acusado de cometer a violência, também é suspeito de ter violentado uma menina com síndrome de Down que estudava na mesma escola no ano passado, também na classe especial.

Testemunhas afirmaram que viram o rapaz comentando com um colega que sentia atrações por mulheres com deficiência, o que prova que ele possui algum distúrbio neurológico.

Atos de violência de colegas de classe contra alunos com necessidades especiais são cada vez mais comuns nas escolas. O problema é que casos como estes vêm sendo a cada dia mais abafados pela mídia.

A falha é que crianças e jovens "normais" não estão sendo preparados para receber os colegas com necessidades especiais. Não há nenhum trabalho de conscientização feito pelas escolas. Este é um trabalho que poderia ser realizado em disciplinas como : História, Língua Portuguesa e até Biologia.

Em História, a professora poderia debater assuntos como : o histórico da entrada de pessoas com necessidades especiais no mercado de trabalho, como os deficientes eram tratados em diversas épocas e em culturas diversas. Já em Língua Portuguesa, a professora poderia falar sobre os escritores que eram portadores de necessidades especiais. Na disciplina de Biologia a professora poderia debater as questões genéticas que fazem um ser humano nascer com algum tipo de diferença. Todas estas sugestões seriam válidas para conscientizar os alunos "normais" de como eles poderiam tratar seus colegas com algum tipo de necessidade especial.

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