Nossos atletas Paraolímpicos deram uma demonstração marcante
de como é possível superar problemas com vontade e orgulho. Que
tal exemplo passe a nortear as mentes daqueles que possuem a felicidade de desfrutar
de todas as suas faculdades físicas, que por maiores que sejam não
superam a força que estes valorosos atletas trazem no coração!
Mesmo sendo relegados à condição de colônia (pela
inércia do povo e conivência de nossos dirigentes) pelos países
que dominam o mercado internacional, nosso povo almeja de alguma forma apresentar
destaques para sermos notados como nação capaz de gerir seu próprio
futuro através de decisões e recursos próprios.
Eventualmente explode uma sumidade (por esforço elevado) em qualquer
área: música, ciência, moda, culinária, etc. Temos
até um astronauta! Mas é na área esportiva onde atualmente
possuímos maiores chances de brilhar, pelo tipo de clima, extensão
territorial, quantidade de habitantes e espírito descontraído
do povo. Na maioria das vezes estes ícones são atraídos
para terras estrangeiras por não lhes oferecermos as condições
necessárias para ampliarem seus potenciais a favor de nossa terra.
No entanto, apesar deste potencial disponível em nossos nativos, nossas
autoridades não desenvolvem processos adequados nas escolas no sentido
de produzirmos campeões e principalmente, criarmos cidadãos conscientes
e produtivos que certamente elevariam nossa qualidade de vida. Isto implicaria
em abrir mentes e tal ação faria com que grande parte da população
anestesiada começasse a avaliar melhor suas escolhas nas urnas.
Depois dos baixos resultados (apesar da dedicação dos competidores)
obtidos nas olimpíadas de Pequim entre os atletas portadores de todas
as faculdades físicas plenas, eis que 15 dias depois aconteceram os jogos
Paraolímpicos na China.
E neste evento, ouvimos o hino nacional por diversas vezes e nosso orgulho conseguiu
aflorar com mais destaque regado a lágrimas. Nossos atletas deficientes
físicos, recebendo muito menos apoio oficial e tendo de enfrentar maiores
obstáculos para montar um apoio básico com ajuda de dedicadas
instituições, superaram com brilhantismo diversos países
mais aparelhados e nos mostraram como é possível ultrapassar limites
aparentemente impossíveis.
Conseguiram ficar em brilhante 9º. lugar com 47 medalhas (16 fabulosas
de ouro)! Através de suas lágrimas ao receberem suas medalhas,
também molhamos nossas faces. Finalmente tivemos ótimos exemplos
a serem exibidos regularmente às nossas crianças, tão agredidas
diariamente pelas grotescas e violentas imagens que a TV sem ética despeja
em nossos lares a todo instante e que pervertem sem controle as mentes em formação.
A vitória maior destes atletas não se resume apenas neste excelente
desempenho de nossa delegação. Ela reflete a alta dedicação
de nossos irmãos (muitas vezes discriminados) em desenvolver ao máximo
suas potencialidades para provar que podem exercer quaisquer atividades do cotidiano
a favor do crescimento da qualidade de vida dentro de nossa sociedade. Eles
acabam de nos ensinar que podemos mudar nossas atitudes para trilharmos em parceria
o mesmo caminho em busca de uma nação realmente independente e
adequada para nossos herdeiros viverem em paz desde já. Não devemos
passar o tempo restante da vida pensando em abandonar nossa maravilhosa terra
porque ela é conduzida por elementos que visam apenas seus interesses
particulares. Precisamos sim, criar um despertar cívico que nos envolva
numa cruzada honesta e corajosa para eliminarmos tais elementos maléficos
que conduzem nossos destinos com nossa procuração mal usada: o
voto.
Que cada medalhista nosso, deficiente físico, mas completo no espírito,
desfilando por sua cidade natal exiba e guarde seu troféu com orgulho
e NÃO permita que algum político tente obter prestígio
em cima de um feito para o qual jamais colaborou e que agora deseja apenas obter
lucros eleitorais. Que os habitantes locais e a imprensa (não amordaçada)
saibam louvar nossos heróis. Que merecem medalhas de diamantes por serem
vencedores na vida e terem desprendimento em nos mostrar isto!
Depois da festa, resta ao povo carregar sua tocha sem brilho (por sua acomodação)
e efetuar um profundo debate com a própria consciência para responder
à pergunta fundamental, que decide o rumo desejado para nosso futuro
obscuro até agora.
Dentre os candidatos (são os MESMOS há mais de 20 anos) às
próximas eleições existe pelo menos UM em nosso município
que pretende usar seu mandato com transparência pensando apenas no bem
da comunidade?
Se você pensa que o tem, vote nele. Mas cobre-lhe regularmente suas promessas,
tanto as atuais como as anteriores não cumpridas. Seja um fiscal ativo,
junto com os demais votantes que você arregimentou para ele. Mostre que
você tem memória e personalidade.
Se sua resposta no momento é NÃO, apesar de doloroso, vote NULO.
É um voto de protesto válido, já que não existe
na urna eletrônica (que não materializa o voto para posterior conferência)
um botão NRA (nenhum dos refugos apresentados).
Votar no "menos pior" é como ingerir o doce cujo prazo de validade
vencido é menor do que um outro da mesma padaria. Tal atitude não
merece medalha. Nem de lata.
Nossos atletas Paraolímpicos já realizaram com louvor seus feitos
acendendo a chama da esperança por um mundo melhor. Cabe a nós
retribuirmos, não apenas com merecidas festas e palmas. Fundamentalmente
devemos realizar o maior feito olímpico de todos os tempos: superar nossa
indolência e pular para fora do poço escuro para onde nos deixamos
escorregar por algumas décadas de acomodação causada pelas
imensas minas existentes em nossas terras e que agora estão se exaurindo
pela força de maliciosos abutres que delas se apropriaram. Não
nos deixemos influenciar pela mídia (muitas vezes reprimida) que divulga
índices fantasiosos para nos dar a impressão de que o cenário
reflete um mar tranqüilo, sem riscos de elevadas ondas provocadas pela
miséria profunda.