A Garganta da Serpente
Veneno Crônico crônicas
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Rio com dois trens balas

(Haroldo P. Barboza)


A copa de 2010 terminou com a justa vitória da Espanha, que apresentou o futebol "menos ruim" que os demais 3 finalistas. Agora faça um esforço reduzido para não torrar os neurônios e tente relacionar:
a) Dos 64 jogos realizados, cite 15% de jogos eletrizantes.
b) Dos menos de 180 gols, cite os 10 mais bonitos.
c) Dos quase 700 jogadores, diga 11 (um para cada posição) que nos encheram os olhos (não valem lágrimas de tristeza).

Não muito longe vai o tempo em que a qualidade era exuberante e conseguíamos memorizar 3 atletas "feras" mesmo nas equipes além da 4ª. colocação. Claro que não pretendemos encontrar clones de Pelé, Garrinha, Zico, Maradona, Backenbauer, Ademir da Guia e outros a cada copa. Sendo 40% disto já está de bom tamanho.

Hoje em dia muitos "craques" são produzidos por DVDs montados com seus 10 ou 12 gols consignados ao longo das últimas 4 temporadas. Mas não exibem os 150 perdidos, os 300 passes errados nem a quantidade de vezes em que foram expulsos no mesmo período.

Bem, o suplício terminou. Agora passaremos a "sofrer" com a cambada de políticos pilantras que tentarão a reeleição (e conseguirão) através de penosas campanhas para enganar os adoradores do Big Besta Brasil e do futebol robotizado.

Mas não estaremos totalmente livres da copa. A de 2014. Até lá, ouviremos um monte de administradores públicos dizendo que os problemas sociais serão resolvidos em função das "obras" voltadas para a copa a ser realizada no Brasil.

Será que a segurança pública em Cascadura, a saúde em Bangu, o transporte em Madureira e a educação no Méier vão melhorar com a "reforma" (com valores triplicados) do Maracanã?

Como os atletas, autoridades e jornalistas só usam helicópteros, ônibus refrigerados e carros modernos, os usuários das linhas férreas não precisam ficar animados. Os trens continuarão canibalizados, atrasados e superlotados.

Como consolação, o povo eternamente esquecido destas regiões abandonadas poderá ostentar o "orgulho" nativo para dizer: - Se entre Rio e São Paulo vão construir um trem-bala, nós já temos balas nos trens em função de dois tiroteios em média por mês!

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