A Garganta da Serpente
Veneno Crônico crônicas
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Desgaste inútil

(Haroldo P. Barboza)


Para existir um bom relacionamento humano e manter uma boa qualidade de vida, o fator básico é a boa convivência entre os habitantes de cada comunidade.

Tipos de comunidades em ordem alfabética para não dar margem a algum tipo de preconceito: bairro, cidade, clube, condomínio, empresa, favela, igreja, site, vila.

A boa convivência se estabelece a partir do respeito às normas combinadas entre os interessados em reuniões regulares. É certo que nem sempre as normas agradam à totalidade dos afetados. Cabe a estes, nas oportunidades adequadas, apresentarem seus argumentos lógicos para modificar e adaptar as regras em vigor.

Mais importante ainda é aceitar e praticar as definições estabelecidas pela maioria em tais reuniões.

Ou mudar de comunidade até encontrar uma cujas regras atendam suas expectativas.

Apesar das reuniões terem o objetivo de equacionar os problemas que incomodam a comunidade e servirem como oportunidade para pessoas se reverem, em média 70% dos convidados não comparecem. Ou abandonam a reunião após 15 minutos de presença. Depois reclamam das decisões tomadas pelos que permaneceram e demonstram preocupação com os assuntos da pauta. Isto é um desperdício de tempo e de energia que poderiam ser canalizados em prol do interesse comum.

No entanto, os poucos que transgridem as leis quando lhes é conveniente, ficam chateados quando são lembrados para não agirem de forma errada. Não demonstram humildade mínima para reconhecer as falhas e chegam a evitar os vizinhos que lhes pedem uma postura correta. Imaginam que são vítimas de “perseguição”. Talvez nem leiam o restante deste texto.

Com esta mentalidade envolvendo nossa sociedade, apesar das diretrizes definidas nos regulamentos de condomínios de todos os tipos, observamos atitudes incorretas dos moradores e dos próprios administradores nestes locais, tais como:

- portas de acesso ao prédio que são deixadas abertas comprometendo a segurança de todos os moradores.

- lixo que é deixado nos compartimentos sem estar ensacado e atraindo insetos nocivos para dentro das unidades.

- lavagem das calçadas diárias usando mangueiras de água.

- animais que urinam nos corredores e elevadores sociais.

- roupas penduradas em janelas.

- balancetes entregues com atraso de quase dois meses.

- festas que deixam o som musical acima dos decibéis adequados depois das 23 horas.

- lavagem de veículos com mangueiras ocasionando mais gastos para o prédio.

- uso de equipamentos do prédio fora do momento permitido (fogão, geladeira, freezer).

- ligações irregulares (gatos) de serviços públicos (água, gás, telefone, tv a cabo, energia).

- uso irregular de vagas de garagem.

- obras que não são efetuadas apesar de combinadas nas reuniões.

- obras que são realizadas pela metade e depois tornam-se mais caras pela demora.

- uso dos corredores como se fossem extensão dos apartamentos.

- exploração e falta de reconhecimento com os bons funcionários.

- livros de ocorrências que não são usados.

- cessão de cópias de chaves a pessoas estranhas ao prédio.

- tabelas de prioridades que não são seguidas.

- buzinaços na garage às 7:00 e após 22:00 para chamar parentes que demoram descer. Não poderia usar o celular?

- lançamento de sujeira através das janelas.

- veículos vazando óleo no piso da garage durante semanas.

Seria normal que cada morador orientasse o faltoso para observar a maneira correta de agir. De forma educada para demonstrar o quanto seu vizinho é prezado. Não é possível que depois de 20 anos de vizinhança se tornem inimigos por uma futilidade desta.

Certamente em nosso condomínio algumas destas falhas existem. Bem como outras não citadas. E o acúmulo destas ações causa incômodo aos afetados e prejuízos financeiros a todos. E servem de péssimo exemplo aos nossos herdeiros, mostrando que burlar a lei é fácil e não recebe punição. Eles aprendem rapidamente.

Com este comportamento, não podemos exigir melhores políticos no comando da nação. Eles nasceram de lares similares aos nossos. E praticam estes vícios com naturalidade. E todos acham normal e não se reúnem para protestar.

Em resumo (hipotético):

Perto de 15% agem de forma inadequada dentro das comunidades.

Quase 10% alertam e cobram as ações combinadas. São rotulados de “chatos”.

Os demais 75% não se envolvem. Deixam o patrimônio degradar. Acomodam-se.

Então para que serve uma convenção? Apenas para obter um CNPJ para abrir a conta bancária do condomínio?

Como dizia Martin Luther King:

"O que mais preocupa não é o grito dos violentos, dos corruptos, dos desonestos, dos sem-caráter, dos sem-ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons."

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