Nos últimos 60 anos sempre ouvi dizer: "uma imagem vale por mil
palavras". A partir daí, ao observar uma única foto, tentava
tirar conclusões sobre a manchete abaixo da mesma. Confesso que em muitos
casos, cheguei a mais de uma possibilidade.
Mas ao observar um filme, de pelo menos 30 segundos, certamente milhares de
pessoas chegarão à mesma conclusão sobre o fato exibido.
No entanto, tal certeza coletiva sofreu abalo com a declaração
do governo nacional que com o maior cinismo declara que "uma imagem não
diz nada".
Se ele estiver se referindo a apenas uma foto, até concordo. Mas um
vídeo que exibe políticos corruptos escondendo dinheiro em cuecas
e meias não pode nos levar a concluir que "patriotas valorosos"
estão guardando o tesouro nacional contra ataques de estrangeiros gananciosos.
A grande parcela do povo que idolatra os "gênios" que pronunciam
cinco palavras no Big Besta Brasil certamente pode acreditar nesta teoria e
votar "nos mesmos" outra vez. E esta parcela de iludidos também
deve acreditar que os grupos de marginais que dominam as ruas dos subúrbios
do Rio a partir das 18 horas é fruto da mente distorcida de pessoas que
apenas desejam instalar o pânico na pacata metrópole e denegri-la
perante as "idôneas" autoridades esportivas internacionais para
evitar que a copa de 2014 e a Olimpíada de 2016 deixem de ser realizadas
na "cidade sem lei".
Ainda que tais evidências sejam exibidas na tv (como ocorreu no final
de fev/2010) no horário nobre a menos de 2 minutos do Maracanã,
onde serão realizados os jogos finais.
Mas os mentores destes eventos, que ganharão elevadas quantias com a
triplicação dos custos dos "elefantes brancos" que ficarão
como "herança" para nós (vide vila olímpica do
Pan2007) certamente já entraram em acordo com as autoridades da segurança
pública para que os bandidos exibidos nas imagens da tv sejam temporariamente
afastados para mais longe.
Pobre das cidades de Petrópolis, Teresópolis, Friburgo e outras
dezenas periféricas que passarão a conviver com a violência
em maior escala até meados de 2016.
Depois desta data, os facínoras portando armas de fogo voltarão
às atividades em paz em nossa comunidade, continuando a produzir dividendos
(financeiros e políticos) aos facínoras que portam canetas mortais
nos suntuosos (mas podres) palácios do poder.