Teoricamente, através do democrático direito de voto, temos a
possibilidade de escolher pessoas adequadas para conduzir os destinos de nossos
núcleos de convivência (Município, Estado, Nação).
No entanto, tal direito fica comprometido pelos seguintes fatos:
- Se dentro de todas as opções oferecidas para efetuarmos a escolha
existem elementos que efetuam secretos conchavos escusos justamente com pessoas
de corrente contrária ao pensamento exposto e dos quais só tomamos
conhecimento quando um prejudicado no acordo joga a lama no ventilador;
- se as pomposas siglas partidárias apenas existem para camuflar a falta
de ideologia de seus integrantes pois o que mais se observa são alianças
de extremos que se unem e se desfazem a cada 6 meses (conforme a não
observação dos rateios combinados entre os pilantras);
- se eventualmente entre 6 opções possíveis de candidatos
ao cargo da vez existe um realmente honesto e por isto não tem o espaço
adequado na mídia para conseguir divulgar seu passado honrado e suas
pretensões diante do novo desafio, não consegue apoio de entidades
que ainda acreditamos ter alguma credibilidade na sociedade;
- se não temos meios efetivos que nos permitam uma possível investigação
mínima no histórico de cada um dos elementos que se apresentam
como "dedicados" patriotas com intenção de assumir a
gerência de nossos destinos e que posteriormente se deixa deslumbrar pela
posição de falso comando e apenas cuida para que o sistema em
uso não seja perturbado;
- se ainda assim fosse possível obter uma conclusão que nos desse
90% de certeza de que o candidato escolhido teria vontade e empenho de tentar
iniciar o processo (através de medidas iniciais que demonstrassem tal
desejo) de resgate de nossa qualidade de vida, ficaríamos na dúvida
se o mesmo chegaria a obter a vitória em função das suspeitas
urnas eletrônicas que não emitem comprovante para posterior conferência
aleatória;
- se fosse possível ter certeza de que o processo eleitoral é
honesto e o candidato honesto assumiria o posto, começaria a adotar medidas
voltadas para a efetiva inclusão social do povo através de pressão
para que os ladrões dos bens públicos fossem afastados dos postos
de onde conseguem comandar os processos de furtos, passaríamos a temer
por sua segurança;
Então ...
certamente os grupos derrotados iniciariam algum tipo de campanha de desmoralização,
produção de situações desconfortáveis e sabotagem
para a gestão deste elemento que passou a significar um entrave aos planos
de sucateamento das ricas fontes naturais. Se preciso for, não hesitarão
em elimina-lo de forma a transforma-lo em ídolo e erguer um busto seu
em alguma praça já ocupada pela miséria.
E os mecanismos legais atualmente em vigor, propositalmente mal redigidos pelos
que usam as brechas das Leis para continuarem impunes e sorridentes, não
nos oferecem a possibilidade de externarmos nossa indignação de
forma pacífica mas que pode produzir fatos de alto impacto nos bolsos
das ratazanas que sustentam o atual modelo de gestão de nossos destinos,
que engessam as possibilidades de alterarmos o atual cenário nos próximos
... 500 anos.
Também não temos a índole guerreira (alimentada por uma
orgulhosa memória heróica de antigos bravos patriotas) para juntarmos
nossas forças em movimentos que exigem algum sacrifício mais prolongado
como forma de protesto. Mal sabemos manipular uma tesoura para abrir uma caixa
de leite. Quanto mais sacudir armas enferrujadas para assustar os lacaios do
poder financeiro. Nenhum fato grotesco e tenebroso por parte das autoridades
corruptas que infestam todos os escalões de governo é capaz de
levar a população prejudicada a abdicar de dois domingos de praias,
de futebol ou de 3 noites de novelas de tv, um paredão de BBB ou de ensaios
de escolas de samba. Nem mesmo alguns simples e indolores movimentos de boicote
contra produtos supérfluos que atinjam os cofres dos abutres que patrocinam
as caixinhas destinadas a comprar as consciências dos administradores
públicos.
Desta forma, basicamente torna-se inútil comparecer às urnas apenas
para oficializar uma questão que já está decidida há
dezenas de anos. Certamente os mariscos que estão grudados no rochedo
do poder já planificaram os futuros "vencedores" das próximas
2 ou 3 eleições. Todo o circo composto pelas campanhas eleitorais
apenas é uma forma de evento para que diversos segmentos obtenham lucro
com os artefatos envolvidos. Funciona dentro do mesmo modelo básico espalhado
pelo mundo: de tempos em tempos cria-se um "incômodo" e vende-se
uma "solução". Se um governo ameaça cortar o
orçamento de uma instituição de segurança, esta
detona uma bomba e pede a triplicação de sua verba para combater
o "terrorista" que ameaça a "paz". E um suplemento
para reconstrução da área devastada.
Se nossa vontade não consegue ser retratada dentro deste modelo engessado
imposto, seria conveniente que fosse criado o "DIA NACIONAL DA QUEIMA DO
TÍTULO DE ELEITOR" (como sugere Plínio Scarbi). Isto poderia
acontecer no último domingo de setembro de 2008, em todos os pontos de
aglomeração popular espalhados por todo o território: praias,
estádios de futebol, clubes, igrejas, mercados. Claro que é importante
trazer a imprensa para documentar o fato e mostrar ao mundo que já estamos
cansados de servirmos apenas como bonecos dentro do contexto definido pelas
ratazanas das canetas. A idéia está lançada. Só
falta encontrar o mecanismo mais adequado para iniciar o processo de divulgação
e convencimento de adeptos desta sugestão. Talvez alguns dos sites já
empenhados exclusivamente na campanha pelo voto nulo.
Para os que efetivamente precisam apresentar a comprovação de
comparecimento à seção eleitoral para efeito de recebimento
do salário (ainda que parco), resta a alternativa de usar a carteira
de identidade para participar da farsa. Sem esquecer no entanto, de anular o
voto, para demonstrar sua insatisfação com o fato de estar presente
ao evento por obrigação, não por convicção.
Os que inocentemente ainda acreditam que podem mudar o atual cenário
através das eleições nos próximos 20 anos, que sigam
em paz com a boiada para o confortável matadouro, como os dóceis
cordeiros que contamos nas noites de insônia. Depois não terão
mais forças saírem da armadilha onde caíram por preguiça
em usar pelo menos 10% de sua indignação em prol da cruzada da
real independência de nossa pátria.
As elites estão bastante assustadas com a evolução da campanha
do voto nulo. A tal ponto que num programa dominical, convidaram um juiz (eleitoral?)
para "explicar" que esta nossa atitude de protesto não impedirá
que o primeiro colocado no pleito seja empossado. Até pode ser verdade.
Mas esta é no momento, nossa forma veemente de protestar contra este
sistema nojento que nos guia(?). O apresentador do programa, devidamente "orientado"
chegou a sugerir que pela falta de opções, devemos até
votar no "menos pior" dos candidatos. Como não nos ofereceu
um telefone para contato, não tivemos a oportunidade de perguntar a ele
se ele comeria um alimento "menos pior" que fosse encontrado numa
padaria ao lado de outros tantos com data vencida!