A Garganta da Serpente
Veneno Crônico crônicas
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A arca sem rumo em busca de Noé

(Haroldo P. Barboza)


Em 2000 comemoramos 500 anos de existência cheios de entusiasmo, assim como um adolescente que completa maioridade e acredita que a partir deste momento tornou-se independente e apto a dar rumo à sua vida, por sua própria conta.

Chegamos a imaginar que em 2002 e 2006, finalmente votamos certo. Acreditamos que nem as urnas eletrônicas suspeitas conseguiram reverter o rumo que nosso país deveria trilhar a partir de agora. Menosprezamos Regina Duarte pela sua mensagem pessimista contra o novo governo, dito da esperança.

E depois de 7 anos, começamos a perceber que o processo de empobrecimento (qualidade e moral) do povo segue firme a favor do enriquecimento das contas bancárias dos abutres que cada dia nos envolvem com seus esfomeados tentáculos sangrentos.

A tristeza pela decepção é maior por vermos que o comandante máximo da nação sucumbiu aos encantos da posição que galgou com ardor sem mesmo ter feito um estágio como Prefeito ou Governador. Não pedimos que ele resolvesse com um passe de mágica, problemas de 100 anos em 8 anos. Mas pelo menos que olhasse na direção da solução. Que reduzisse nossa falta de esperança em pelo menos 20%!

Infelizmente, depois da euforia da festa, percebemos os destroços de nossa dignidade aumentando com rapidez. Nosso piloto navega (num caro avião) sem bússola pelo universo da miséria usando os atalhos dourados dos gabinetes. Ficou deslumbrado com os serviços a bordo nas constantes viagens realizadas e finge não perceber que em cada "acordo" com as hienas que o cercam, cedemos mais um pedaço da nossa dignidade esgarçada pelas botas dos vorazes abutres.

Abandonou a arca nas mãos dos que permitiram que ele chegasse ao topo de seu sonho em detrimento do futuro de seus compatriotas desiludidos. Boiando a esmo, rezamos para abalroar a embarcação onde esteja Noé, para que este tente nos salvar, pobre gado rumo ao matadouro chamado "convulsão".

Se a arca estiver por afundar, nos resta a jangada chamada "VOTO NULO".

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