A Garganta da Serpente
Veneno Crônico crônicas
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Ir à missa não basta

(Haroldo P. Barboza)


Nós que momentaneamente estamos afastados dos conflitos entre americanos e países do oriente médio (a qualquer momento poderemos ser arrastados para o centro do furacão), não temos raiva de nenhum deles. Sabemos que 97% dos seres humanos de qualquer parte do mundo desejam viver em paz com seus vizinhos, por mais esquisitos que eles pareçam. Acontece que existem 3% de elementos (espalhados por todas as nações) desajustados cuja maior satisfação é ver o circo pegar fogo. Sentem tédio em apreciar a Natureza através dos pássaros, cachoeiras, praias e florestas, além de obras de artes produzidas por aqueles que tem imaginação, habilidade e perseverança. Aplicam toda sua energia e capacidade em produzir guerras religiosas, busca por terroristas (produzidos por eles mesmos) mas na verdade estão de olho na riqueza do solo alheio ou na posição estratégica para escoamento comercial. Infelizmente suas atitudes danosas causam desastres irreversíveis ao planeta e aos seus habitantes.

O pior de tudo, é que na maioria das vezes o poder é exercido por elementos contidos nestes 3% de humanos(?). E dentre estes, estão os incapazes de produzir ações úteis para a sociedade. Então se vingam (e de forma pervertida se divertem bolando atos que irritam e incomodam aos demais). Criam a desarmonia entre os povos pois a paz não lhes dá lucro veloz. E pior ainda, é que os 97% dos habitantes de paz, não usam a força para afastar (eu não disse eliminar) estes desagregados. Acreditam que com palavras doces (poemas e crônicas), música, pintura e outras formas de expressão conseguirão mudar o pensamento dos que nasceram com alguma degeneração cerebral. E enquanto elaboram obras de alto valor cultural, os danosos aumentam o poderio bélico e suas fortificações. Cercam-se de ignorantes desnutridos que se satisfazem com um prato de comida e uma noite de amor para transformá-los em soldados de suas duvidosas posses.

Quando os habitantes de paz se dão conta do mal que está instalado e prejudicando suas vidas, é tarde. Quando descobrem que sua conduta pacífica é insuficiente para remover os monstros do poder, ficam receosos em usar a força (não possuem prática disto que às vezes é preciso) para restaurar o equilíbrio, pois efetivamente muitos serão sacrificados. E assim, cada um de nós vai tentando se esquivar e sobreviver na encosta da montanha da vida, torcendo para não sofrer uma queda de graves conseqüências. Quando sofremos um escorregão e sentimos a perda de qualidade de vida, não nos unimos para recuperar (e avançar) o terreno perdido. Nos acomodamos no nível para onde fomos jogados e ficamos rezando e torcendo para que nenhuma pedra ou outro ser caia sobre nós e nos arraste mais para o fundo do vale escuro. Chegamos a pisar em alguns semelhantes para nos mantermos saciados acreditando que depois basta pedir perdão na missa dominical para limpar a alma pelo mau comportamento.

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