Os lúcidos de mentes abertas e com a perfeita percepção
do papel da sociedade, afirmam que as transformações de nossas
vidas devem começar nas eleições, mantendo ou trocando
nossos representantes na época propícia.
Concordo com eles.
Isto vale para uma nação onde seus habitantes possuem um mínimo
de compreensão do que seja viver numa democracia e conheça bem
as normas que esclarecem suas obrigações e defendem seus direitos
com clareza.
Acontece que no Brasil, tal cenário não existe. Portanto está
muito complicado praticarmos a regra lógica de convivência equilibrada.
As causas para não termos a possibilidade de utilizá-la em sua
total plenitude e com satisfação são diversas.
Mais de 90% da população são mantidos na ignorância
para não compreenderem as formas rebuscadas, absurdas e contraditórias
das redações das Leis que regem nosso cotidiano. Com isto, as
tais Leis são mantidas sem alterações por dezenas de anos,
sem acompanhar a evolução do comportamento da sociedade que naturalmente
se modifica com a descoberta (nunca feita aqui) e uso de novas ferramentas em
nossas vidas. Enquanto as redações obscuras continuarem permitindo
altos lucros e desvios para as escapadas das penas dos elementos dos escalões
superiores, as redações serão mantidas intactas prejudicando
apenas, aos de menor poder aquisitivo que não possuem meios de contratar
defensores que saibam "interpretar" as Leis(?).
O ser humano é indolente por natureza. Ainda mais numa terra farta e
abençoada como a nossa, onde quase tudo nasce em quase todos os lugares
a todo instante. Havendo o que comer e tendo um rio perto para lançar
os dejetos, o pobre de conhecimento acredita que está vivendo no paraíso
e que a mãe Natureza cuidará dele ao longo da vida. E o pior disto
tudo é que jamais tivemos de unir a pátria para lutar contra algum
perigo avassalador, como furacões, terremotos, vulcões ou invasões
brutas. Se tal tivesse acontecido, teria sido gerado um espírito de fraternidade
e solidariedade que certamente teria sido passado por gerações,
através de registros escritos e antepassados orgulhosos de feitos vitoriosos
calcados em raros momentos de bravura. Até nossa "independência"(?)
foi um fiasco. Dizem que foi um grito (talvez tenha sido um engasgo) à
beira de um rio (talvez um córrego caudaloso).
Pela falta de fibra de nossa raça, aceitamos pacificamente este estado
permanente de colônia. Não almejamos ser o primeiro do mundo em
nada produtivo e valoroso. Mas não temos como evitar sermos os primeiros
em corrupção, violência e miséria. E este cenário
só pode mudar três ou quatro gerações depois que
uma delas der o primeiro passo em direção à transformação:
mudar o comando de nossos destinos. Isto é algo que não está
nos preocupando no momento.
Alguns inocentes deslumbrados com os belos discursos proferidos pelos candidatos
combatem o desejo de alguns concidadãos em votar NULO, alegando que estão
abrindo mão de um direito importante. Só se for o direito entre
escolher corruptos da esquerda, do centro ou da direita. Fingem não perceber
que é uma forma de protesto disponível aos desesperados que não
enxergam uma luz no fundo do poço (tendo em vista que o túnel
já desabou há muito tempo), já que não existem lideranças
confiáveis para comandar nenhuma cruzada cívica de real valor
para combater com paixão a luta contra a corrupção que
consome quase 15% de nosso PIB! Aos que se deixam hipnotizar pelo comando da
tv (principalmente da grande rede que adquiriu uma filial em São Paulo
com "CPF" falso numa época em que tal documento nem existia),
concedemos uma chance de desconectar-se da hipnose coletiva e os convidamos
também a votar NULO, com outro significado, resumidamente assim:
"Acreditamos que o atual sistema de governo é ótimo, que
os candidatos disponíveis são ótimos e que qualquer um
que seja eleito, tudo fará pelo bem estar dos pagadores de impostos e
pelo crescimento de nossa pátria com todo desprendimento próprio
de um verdadeiro patriota".
Se você não come doce com prazo vencido, porque colocar no comando
elementos com prazo vencido há dezenas de anos?
Não seja mais palhaço. Participe do "ANULAçO".