Atendendo ao chamado diário veiculado na mídia, certo dia uma
senhora com mais de 80 anos resolveu exercer seu papel de cidadã zelosa
em prol de uma melhor qualidade de vida da comunidade. Apesar de suas condições
financeiras precárias, adquiriu uma filmadora através de um crediário
extorsivo qualquer, já que os pobres não conseguem fugir dele
em função da política financeira desumana conduzida pelo
governo.
Durante algumas semanas ela registrou atividades criminosas de pivetes e policiais
na entrada da favela em frente ao seu prédio na Ladeira dos Tabajaras,
no Rio de Janeiro. Através do programa "disque-denúncia",
ofertou o material à polícia. Tal produto serviu para mostrar
como agentes da lei estão envolvidos no mercado das drogas e das armas
e nem se preocupam em agir com a farda no corpo, tal a certeza da impunidade.
E depois do processo aberto, nove policiais imorais foram afastados de suas
funções externas (será que estão presos?). Seria
um exemplo a ser seguido por outras pessoas idôneas para colaborar na
limpeza de nossas entidades contaminadas por elementos perniciosos.
Depois de sua participação fundamental neste evento, claro que
ela teve de abandonar sua moradia pelo risco de vida que corria. Mas contava
com o alardeado serviço de proteção à testemunha,
que segundo a propaganda enganosa, cuidaria para arranjar-lhe uma nova localidade
para prosseguir o resto de sua vida, sob nova identidade e longe das ações
vingativas dos denunciados.
Para nossa surpresa, eis que um ano depois surge uma reportagem nos jornais
locais revelando que "D. Vitória" (o nome fictício foi
a única coisa que lhe deram de boa vontade) estava entregue à
própria sorte em busca de local seguro e ainda correndo risco de ser
enquadrada e ter de ressarcir o Estado (?) por gastos ocorridos durante o processo
de interesse da sociedade.
Com esta atuação as autoridades encarregadas de nossa segurança
acabam de desestimular centenas de pessoas prontas para colaborar na cruzada
pela moralidade da vida coletiva da sociedade. E onde estão aquelas entidades
que arrotam a "defesa da democracia" (OAB, CNBB, Congresso, TV Bobo,
ONGs dos direitos humanos) que não levantam a voz para defender esta
senhora que deveria receber uma estátua em praça pública
(mesmo com o rosto vendado)? Só tomam partido de figurões envolvidos
em negociatas escusas que sangram nossas divisas. Talvez até levem "algum"
para demonstrarem tanta veemência na defesa dos canalhas que compram suas
consciências.
Cabe agora perguntar aos inocentes desavisados de plantão quanto devemos
acreditar nas pessoas que foram colocadas no comando da vida pública
e voltam a pedir o voto para manterem este modelo podre gerenciando nossas vidas,
ainda que digam o contrário durante as campanhas eleitorais. Da mesma
forma que há mais de 80 anos prometem terminar com a seca no Nordeste,
onde curiosamente abunda água nas fazendas dos "coronéis"
(para lavarem as suas) que definem os gestores das "capitanias hereditárias"
que só foram desfeitas no papel, mas são percebidas em diversas
localidades onde por dezenas de anos as mesmas famílias "ganham"
as eleições.
Se a seca deixou seu vegetal duro, vote NULO!