O que acontece no primeiro nível da administração do
país, por estar na mídia diariamente, certamente se transforma
como exemplo evidente para os demais níveis da sociedade. Se no primeiro
escalão denunciam, prendem, punem os faltosos e resgatam os valores desviados,
as demais entidades da nação tentam praticar ações
similares, se alinham com a conduta maior. Mas se gerentes maiores roubam descaradamente
e nada acontece, nos escalões inferiores os gerentes se acham no mesmo
direito.
Se no topo da elite do planalto há fortes evidências de mutretas
e conchavos em prejuízo da nação, na cúpula da CBF
também ocorrem desmandos nos contratos que prejudicam a seleção
de futebol, onde a placa de propaganda é mais importante que a convocação
equilibrada dos jogadores a integrarem o time. Dentro de campo jogador não
respeita o árbitro, pois sabe que no tribunal será absolvido pela
força do político que dirige seu clube.
Se entre ministros e gerentes de altas empresas públicas são
colocadas pessoas sem gabarito e que se dobram às exigências de
terceiros que visam abocanhar nossas riquezas, na comissão técnica
também existem elementos que são manipulados por empresários
de jogadores medíocres que desejam valoriza-los na vitrine.
Se o processo de terceirização é usado para esfacelar
as empresas que sempre foram orgulho da pátria, a convocação
de "estrangeiros" e jogadores que são populares em alguma longínqua
região do país (para atender interesses particulares de patrocinadores)
também causam enfraquecimento da estrutura esportiva, pois centenas de
nativos que possuem enorme potencial (mas não possuem "procuradores")
são ignorados.
Se o homem público comete desmandos e nem por isto tem seu mandato
cassado, o "perna de pau" que perde 15 gols em três jogos é
perdoado assim que converte um pênalti forjado pelo árbitro para
salvar um time de grande influência.
Se nas escolas não se ensina o hino nacional para desenvolver um alto
grau de civismo entre as crianças, os jogadores aproveitam o minuto de
execução do hino para calcular seus ganhos com o próximo
contrato.
Se os representantes do povo enriquecem com seis meses de mandato sem produzirem
nada de útil para a comunidade que os elegeram, não se deve estranhar
as "estrelas" que recebem milhares de dólares para correr 30
minutos por semana sem serem notados.
Se as licitações públicas são realizadas com "cartas
marcadas" e os valores envolvidos são triplicados para permitir
a divisão entre os envolvidos, não se deve ficar estupefato com
a compra/venda de jogadores com recibos frios para burlar o fisco e enriquecer
as contas bancárias dos "abnegados" dirigentes. Ou você
acha que é por amor ao clube que ele sacrifica a família?
Se o país caminha para uma convulsão social de proporções
desastrosas, a seleção de futebol caminha em paralelo para uma
situação inusitada, podendo perder a liderança no ranking
mundial que manteve por vários anos.