A Garganta da Serpente
Veneno Crônico crônicas
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Globalização das minas

(Haroldo P. Barboza)


Nos últimos 100 anos, as nações mais poderosas do mundo (que hoje se rotulam de G7) esbanjaram os recursos naturais, sem a preocupação em repor as sementes e sem permitir que a Natureza lhes devolvesse os meios de sustento em tempo hábil. Pouco se importaram com o equilíbrio ecológico. Devastaram florestas, poluíram rios e mares e realizaram experiências desastrosas com bombas e produtos químicos, dizimando dezenas de espécies vivas e comprometendo o equilíbrio do planeta. Com certeza não deram a devida atenção aos seguintes fatores :

- O crescimento em proporções geométricas da população mundial.

- A perda das colônias que lhes forneciam a matéria prima necessária.

Repentinamente, se viram numa situação de ter de pagar pelo que antes adquiriam pela força bruta. Após séculos explorando os menos esclarecidos, não pretendem abrir mão de tal comportamento. Com a rápida expansão das comunicações, tornou-se mais complicado decidir por invadir um território alheio e recolher o que precisam para manter o nível de conforto a que estão acostumados. A era da escravidão física já não rende status na imprensa. Cria movimentos cobradores inconvenientes aos seus objetivos.

Então, decidiram optar por tomar conta das riquezas alheias por meios mais elegantes. Inventaram ONU, OEA, MCE, ALCA, FMI e outras entidades, que a título de exercerem papel de definidores, auxiliadores e vigias de "estatutos" de convivência pacífica entre as nações (os problemas do Timor Leste e de Kosovo podem ser esquecidos rapidamente se a mídia souber explorar adequadamente as "previsões" de Nostradamus), encontraram um pretexto para se infiltrarem sorrateiramente nas esferas de governos sem personalidade e facilmente subornáveis, para determinarem as melhores normas (sob forma de lei para dar certa aparência de legalidade - uma pequena verba destinada a suborno é um pingo de água em relação ao que lucram por ano) para obterem as riquezas com um mínimo de esforço e por um preço irrisório. Fabricaram a dívida externa através de "generosos" empréstimos aos países que pretendem se desenvolver (como, se não possuem estrutura de pesquisa ?) ou que sofrem acidentes naturais (vulcões, maremotos, tufões, terremotos - na era da clonagem, já é bom começar a imaginar se tais eventos não são adequadamente direcionados). Também criaram a "dependência" à moderna tecnologia (?) - no entanto podemos viver (mais felizes, inclusive) sem Internet, vídeo, tv a cabo, cafeteira, torradeira, forno, espremedor de frutas (elétricos), isotônicos (o biotônico já nos basta), cartão de crédito, crédito rotativo, consórcio, lentes de contato, calculadora de bolso, celular e outros milhares de supérfluos que nos trazem mais problemas do que benefícios. Principalmente se temos de recorrer à assistência técnica relacionada nos folhetos que acompanham a nota fiscal. Fora o stress que adquirimos para manter estes artefatos funcionando, que na era do "descartável", são convenientemente preparados para pifarem após algum tempo de uso e nos obrigar à compra do "kit" com a peça principal e as que não precisam ser trocadas no momento.

Com a chegada do novo século, já perceberam que suas reservas de energia estão no final. Talvez para mais uns 20 ou 25 anos. Então precisam se apossar das que revelam potencial para mais 100 ou 200 anos, enquanto pesquisam fontes alternativas e fazem testes em países distantes (cobaias). O modelo atual de envolvimento é eficiente, mas lento. Exige investimento regular em propaganda enganosa e suborno cada vez maior.

Então, resolveram adotar nova estratégia : agilizar o estado de caos dentro das áreas cobiçadas. Para isto, é preciso manter ditadores e "terroristas" vivos e atuantes, traficantes dominando a juventude para cortar o entusiasmo de quem pode iniciar o processo de mudança. É preciso implantar a miséria com mais rapidez dentro da sociedade aturdida, descrente de qualquer medida governamental. É preciso provocar a agitação entre os nativos, para que os mesmos acabem explodindo em revolta e provoquem uma guerra civil. Com certeza oferecerão armas para que irmãos se destruam ao máximo. E quando estiverem em frangalhos, quase sem forças, oferecerão "auxílio", enviando comitivas para ajudar na "reconstrução" do que foi destruído. Depois de instalados, ditando as regras no local da mina, criarão contratos de exploração por 50 ou 100 anos da "mina". E darão a isto, o pomposo nome de "globalização" social.

  • Publicado em: 01/06/2006
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