Até 1960, tivemos estadistas que se notabilizaram por conseguirem repassar
suas idéias aos seus ouvintes, apenas com o recurso do microfone das
rádios ou dos palanques. Seria de se imaginar que, com o advento da tv,
cobrindo todo o território nacional, suas palavras chegassem com mais
ênfase e mais rapidez aos desinformados. Mas a elite percebeu a tempo
o risco que corria e tratou de impedir que tal fato ocorresse. Se apossaram
do direito de conceder canais apenas aos que estivessem de acordo com as manchetes
combinadas. Passaram a anestesiar a população com novelas, programas
de auditórios e concursos musicais, enquanto as mutretas se realizavam
atrás dos palcos, encobertas pelas vistosas cortinas dos cenários.
E por quase 50 anos, conseguiram doutrinar nossas mentes nos impedindo de evitar
a marcha para o abismo.
Agora, no início do terceiro milênio, a pressão criada pela
miséria, está nos forçando a tomarmos consciência
de nossa falta de percepção e acomodação por tanto
tempo. Passamos dezenas de anos iludidos como alienados que se distraem com
pirulitos coloridos enquanto eles nos esfolam por trás (em todos os sentidos).
A luta ainda é desigual, pois os grupos dominantes seguram as estruturas
em suas mãos (principalmente as comunicações amordaçadas),
mantidas com o dinheiro de nossos impostos desviados. Ditam as leis que nos
amordaçam e deterioram nossa identidade. Forjam situações
com nosso dinheiro, para denegrir nossos verdadeiros líderes e mascarar
os vilões que se eternizaram no poder. Resta-nos a esperança de
que em cada casa, em cada condomínio, em cada bairro e em cada município,
tentem recuperar o tempo perdido (façamos como disse Juscelino : 50 anos
em 5), deixando apenas de rezar por um milagre. Na verdade, o milagre nascerá
com a participação de todos, no momento em que cada um de nós,
realize um ato simples, que não exige consumo nenhum de recursos : PROTESTAR
regularmente, não se acomodar, apoiar (não apenas balançando
a cabeça) aos que levantam a bandeira pela troca do modelo que rege nossa
pátria, que só atende aos gananciosos que enriquecem às
custas de nosso suor e de nosso sangue. Vamos nos reunir com o mesmo entusiasmo
que nos une em torno da seleção de futebol durante a copa mundial.
Temos esta dívida com o grande Brasil. Se a galera tem fôlego para
enfrentar filas de 4 dias para adquirir ingressos para a passarela do samba
ou para pintar ruas durante a realização da copa mundial de futebol,
certamente tem energia para reunir-se UMA vez por trimestre com sua comunidade
e montar uma estratégia de pressão contra os governantes omissos
e submissos que usam nossos impostos de forma ilícita e ainda aparecem
na tela da tv dançando para comemorar a "inocência" de
um colega de "profissão" que foi liberado de ser penalizado
pelas maracutaias praticadas contra os que pagam taxas e não recebem
retorno social pelos altos valores extorquidos sob o manto de uma legislação
podre e cheia de esgotos para permitir a fuga dos ratos do poder.
E devemos aproveitar para reclamar enquanto não criam a CPSR (Contribuição
Permanente Sobre Reclamação) cujo destino deve ser algum fundo
de campanha de um destes partidos de aluguel que flutuam em nosso cenário
político.