Ao longo dos séculos, a Mulher foi mantida afastada das decisões
em qualquer área da sociedade. Seu valor era ignorado até mesmo
dentro do lar, apesar de executar múltiplas tarefas pesadas e fundamentais
para o bem estar da família. Não tinha direito de opinar em nenhum
nível da comunidade. Só era chamada para servir aos convidados
e lavar a louça posteriormente. Sem remuneração. Sem premiação.
Sem elogios.
Através dos tempos foram surgindo figuras aguerridas que se insurgiram
contra esta desigualdade definida por aqueles que comandavam o mundo. Eram casos
isolados, não contavam nem com o apoio dos filhos. Os homens achavam
um absurdo - as filhas, por receio, desconhecimento e temor a dogmas fortemente
disseminados, aceitavam caladas a situação de penúria.
Até se preparavam para percorrer o caminho de injustiças pelo
qual suas mães tropeçaram. Algumas foram executadas de forma violenta
em público, para servir de exemplo a outras valentonas que poderiam contestar
o sistema.
Não vamos contar a história da Mulher através dos tempos.
Mas vamos destacar o momento atual, aqui, onde vivemos, nesta terra maravilhosa
e mal gerenciada pelo homem, que ainda teima em negar o espaço (receio
de comparação?) que ela tem direito. Está na hora de permitir
que ela demonstre sem restrições do quanto é capaz. E que
receba a justa remuneração por isto.
No Brasil, já temos mais de 28 milhões de mulheres no mercado
de trabalho (inclusive informal). Só no Rio, mais de 25 % são
chefes de família. Já comprovaram sua eficácia em todas
as atividades que possamos imaginar, desde a condução de aeronaves,
até a limpeza urbana. Mesmo assim, o ranço que vem do passado
ainda lhe traz obstáculos no campo profissional. Em muitas empresas recebem
40 % a menos que um homem, mesmo que trabalhem mais e melhor. E no momento da
escolha de um gerente, sua prioridade é reduzida e ela é colocada
no fim da fila.
Os rumos que os homens estão dando aos nossos destinos apontam para desastres
profundos em nossa qualidade de vida pela violentação da Natureza.
A ânsia desenfreada por lucros rápidos e a competição
desumana (que beneficia a menos de 1/100000 da população mundial)
estão nos levando ao caos. Se for para adquirir status e aumentar o capital
da empresa, os valores morais e familiares são jogados para terceiro
plano (saudades do tempo em que ficavam em segundo). Fazem apologia das más
ações pela tv e pela Internet. Os bancos alegam que sem o dinheiro
dos corruptos, podem quebrar. Preferem a quebra da ética. Rotularam esta
degradação de globalização. Estamos recebendo
como herança (para não dizer merdança) os seguintes
tesouros: camada de ozônio comprometida, florestas devastadas,
rios poluídos, lagos secos, espécies em extinção,
cidades cercadas por favelas, trânsito caótico, insegurança,
deficiência na saúde, educação incompleta, disseminação
das drogas, falta de oportunidade para os jovens, desesperança. O que
mais ainda existe dentro das mentes pervertidas para nos assombrar?
Que tipos de herdeiros estamos formando? Como diz o antigo ditado, quem planta,
colhe. Em função dos exemplos que são destacados hoje,
amanhã não será surpresa que os filhos passem a expulsar
os pais de casa assim que eles deixarem de trazer recursos para o lar. Alguns
já estão batendo e matando parentes quando lhe negam recursos
para seus vícios. Os ídolos atuais das crianças são
garotas que rebolam quase sem roupa na tv e cantores de bandas barulhentas movidas
à droga. Os exemplos que recebem dos comportamentos de governantes omissos
e submissos ajudam a moldar o caráter de cada jovem que um dia estará
galgando postos de administração sem preocupação
com sua reputação nem com a conseqüência de seus atos.
Talvez o sexto sentido feminino tenha se libertado da mordaça
e esteja em erupção agora, compondo uma força avassaladora
e benéfica a todos nós. Ela está deixando de se lamuriar
ao pé do altar junto ao santo favorito. Está vindo à luta
com armas que não derramam sangue, mas sim amor e compreensão.
Ela se descobriu do manto da docilidade (que se confundia com submissão)
e está exibindo sua determinação (que os descontentes chamam
de agressividade). Estamos vendo a Mulher invadindo com grande velocidade os
postos públicos, áreas da imprensa e gerências das grandes
firmas. São os pontos importantes para se alavancar a mudança
de estilo de comportamento e de conceitos na educação, a base
de sustentação da família e da cidadania.
Que este movimento seja o fulcro da preservação da sociedade sadia
e do planeta.
Em breve ela não terá de pagar um prato de comida com seus carinhos.
Nem terá de caminhar com o rosto coberto um passo atrás do seu
"senhor". Nem ficar apanhando de bêbado dentro do seu lar. A
sofrida Natureza (sabiamente feminina) ferida reclama pela ajuda de sua parceira.
Ainda há tempo para salva-la. Quem não puder (ou não quiser)
oferecer-lhe o braço para apoiá-la, que pelo menos não
a empurre. Saia da frente que ela saberá caminhar com suas pernas
fortes e lindas pelas trilhas da vida para voltar a florir nosso planeta tão
devastado pelos machões que só elaboram poemas substituindo palavras
doces por termos amargos. Trocam AMOR por penhor; SOLIDÁRIO por bancário;
JURAS por juros; CORAçÃO por correção; VIDA por
dí..vida.