Duas situações que retratam o caos administrativo pelo qual pagamos
altos impostos e pelo qual somos gerenciados. No primeiro caso, fui testemunha
quase ocular, pois dei carona à vítima ao local do "extermínio".
Renovação de carteira de estrangeiros.
Minha madrinha de casamento está com a carteira de estrangeira vencendo
em fevereiro. Foi ao setor de renovação na Avenida Venezuela (RJ)
na semana passada. Entrando no recinto indicado pela placa (quase ilegível),
deparou-se com uma fila de mais de 100 pessoas. Nenhum funcionário para
orientar. Nenhuma folha pregada na parede esclarecendo procedimentos. Nem seta
indicando sanitários (se existirem, devem estar sem papel e sabão).
Apenas umas 20 cadeiras para os usuários cansados e idosos. Eis que surge
um "solícito" funcionário no salão que a observa
com o olhar perdido. Aproxima-se com um sorriso gentil (diferente do colega
que no balcão atende aos enfileirados). Depois de algumas trocas de palavras,
a triste conclusão: a fila existe pela dificuldade das pessoas preencherem
o formulário confuso, terem de sair para pagar uma taxa na agência
bancária fora do prédio e a lenta linha da internet no terminal
do funcionário que atende o público entre um gole de café,
um cigarro e uma piada junto aos colegas do setor. Este conjunto de obstáculos
deve causar uma demora de 4 a 5 horas. Mas este "dedicado" funcionário
"gentilmente" diz que tudo pode ser resolvido em 30 minutos, bastando
que a cliente se dirija a um "escritório" do outro lado da
calçada, onde tem uma pessoa hábil em preencher o formulário
em 5 minutos, tirar retrato, pagar a taxa bancária para o usuário
e lá a internet flui com alta velocidade. Basta gratifica-lo com R$ 30,00
para que o processo funcione corretamente.
Claro que ela não agiu corretamente em tolerar tal manobra. Mas pensou
da seguinte forma:
Mesmo tendo feito "tudo certo", a carteira definitiva vai demorar
uns 6 meses. Será que o papel é importado da China? Ou haverá
outra "gratificação" para ela sair em 15 dias?
Infelizmente ficamos reféns destes grupos por falta de administração
séria de nossos governantes. Pagamos impostos altos para que tais serviços
funcionem mas temos de desembolsar mais algum para não sermos humilhados
em longas filas e sendo atendidos por elementos de má formação
profissional.
No segundo caso, ouvi relato (será ficção de terror?) de
um vizinho que encontro mensalmente no clube.
Precatórios predatórios.
Segundo ele, o esquema dos precatórios funciona assim:
Dentro deste quadro, com um povo despreparado culturalmente, esfomeado, desempregado e abandonado, as chances da corrupção diminuir em nossa terra variam entre 400 e 500 anos. Principalmente pela indolência de nosso povo que já incorporou o espírito da falta de vergonha que envolve as esferas superiores e já impregnaram os escalões inferiores:
E o povo estático a tudo assiste calado, mesmo sendo a vítima principal. Só se preocupa com o "paredão" do Big Bobo Brasil, com a fantasia de Carnaval, o final da novela (de qualquer horário) e quem será convocado para a seleção brasileira de futebol. Os otimistas que ainda insistem por esperar algo de bom depois das próximas eleições, podem ficar tranqüilos que coisas piores ainda vão acontecer nos próximos 5 anos.